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BCE prepara-se para testar resiliência da banca com retirada da liquidez

Quando os 476,8 mil milhões de euros em empréstimos concedidos ao abrigo do programa TLTRO do BCE atingirem a maturidade a 28 de junho, há bancos que vão sentir o impacto. As instituições financeiras italianas são as que mais preocupam.
14 Junho 2023, 11h08

O Banco Central Europeu (BCE) prepara-se para testar a resiliência do sector financeiro europeu com a retirada massiva de liquidez, equivalente a duas vezes o produto interno bruto de Portugal, escreve o jornal “El Economista” esta quarta-feira. Os bancos italianos são os que provocam mais receios, mas instituições financeiras gregas também estão na mira.

A expectativa é de que os bancos terão de devolver 500 mil milhões de euros em empréstimos baratos do período pandémico, de uma só vez, no final deste mês. Por outro lado, o sector procura outras fontes de financiamento, tendencialmente mais caras.

Embora os cerca de quatro biliões de euros de excesso de liquidez devam limitar o impacto deste reembolso, os economistas e analistas ouvidos pela “Bloomberg” alertam que os bancos podem ficar sob pressão.

No caso de Itália, o montante de empréstimos no âmbito do programa de TLTRO do BCE é superior ao valor que os bancos têm no banco central. Isto significa que as instituições financeiras terão de obter capital através de outros meios para reembolsar os empréstimos. Entre os bancos gregos, o excesso de reservas é semelhante ao que devem ao BCE.

Quando os 476, 8 mil milhões de euros em empréstimos concedidos ao abrigo do programa atingirem a maturidade a 28 de junho, certos bancos na Alemanha, França ou noutros países da zona euro podem sentir o impacto, afirma Reinhard Cluse, economista do UBS, à “Bloomberg”. Em Itália ou na Grécia “isso é claro”, refere.

Andrea Enria, presidente do conselho de supervisão do BCE, afirmou no mês passado que há alguns bancos com uma “dependência significativa” dos TLTRO. 

As instituições financeiras italianas têm de angariar cerca de 35 mil milhões de euros em 2023 e outros 75 mil milhões de euros para se prepararem para mais reembolsos de TLTRO no próximo ano, de acordo com as estimativas da NatWest Markets. “Algumas instituições – mais provavelmente os bancos mais pequenos – terão escassez de capital no curto prazo”, afirmam estrategas numa nota enviada a clientes.

As boas notícias, refere a “Bloomberg”, é que os bancos têm várias alternativas de financiamento, podendo recorrer ao mercado de dívida.

“Os bancos estiveram dependentes do excesso de liquidez nos últimos anos, em comparação com opções alternativas de financiamento”, afirma Frank Gast, da Eurex Repo. “Agora estamos a ver mais operações de financiamento de longo prazo”, conclui. 

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