A REN – Redes Energéticas Nacionais anunciou esta quinta-feira que começou a adaptar a sua rede nacional de transporte de gás (RNTG) para vir a receber hidrogénio verde no futuro. O objetivo é transportar no futuro gás natural contendo um máximo de 10% de hidrogénio.
A empresa anunciou que começou a “remodelar os cromatógrafos, aparelhos que permitem medir a qualidade do gás transportado na rede. Os 16 cromatógrafos existentes na rede deverão ser todos adaptados até ao final do ano. Esta ação da REN é fundamental para a obtenção, ainda em 2023, da certificação para, numa primeira fase, receber e transportar até um máximo de 10% de hidrogénio na RNTG. Esta intervenção da REN reflete o compromisso assumido pela empresa na adequação das infraestruturas da RNTG, REN Armazenagem e REN Portgás para criar as condições técnicas necessárias aos objetivos de descarbonização definidos pelo Governo Português. A operação segue-se aos estudos técnicos iniciados em 2022, no quadro do Programa H2REN”.
A REN e operadores de redes de transporte de gás espanhol (Enagás) e franceses (GRTgaz e Teréga) formalizaram em março um acordo para modificar a rede de gás com o objetivo de transportar hidrogénio verde. Com este objetivo, o consórcio Green2TSO vai realizar projetos-piloto, testes tecnológicos e outras ações para acelerar a transformação da rede de gás natural, noticiou a “Lusa” na altura.
“Estas primeiras alterações serão, numa primeira fase, alvo de um período de observação e monitorização de desempenho, com recurso quer aos dados convencionalmente teletransmitidos para o despacho, quer através de acessos remotos. O projeto está a ser operacionalizado pela área da Exploração de Gás e conta com o contributo das áreas de Planeamento de Gases Renováveis, Engenharia e Inovação e Gestão Técnica Global do Sistema Nacional de Gás”, acrescentou em comunicado.
“Estes cromatógrafos alterados vão permitir ainda reduzir consideravelmente o consumo de hélio na análise que fazem, adicionando-se-lhe árgon, uma vez que o hélio é um gás muito raro na atmosfera, não-renovável, imprescindível em pesquisas científicas e também aplicado em tecnologias como as ressonâncias nucleares magnéticas, as espectroscopias de massa, bem como na produção de fibras óticas e de chips de computador”, pode-se ler.
No comunicado, a empresa liderada por Rodrigo Costa disse: “Alinhada com as políticas de União Europeia, a descarbonização das infraestruturas de gás é um dos objetivos estratégicos da política energética portuguesa. No caminho para a operacionalização desta transição energética, a REN tem contribuído de forma permanente, através das áreas de planeamento e gestão técnica global dos Sistemas Elétrico e de Gás, na concretização da descarbonização destes sistemas energéticos. A estratégia da REN para os gases renováveis assenta em dois grandes pilares: a adaptação das infraestruturas existentes para acomodar estes gases e o desenvolvimento de infraestruturas 100% hidrogénio”.
Outro projeto que a REN visa desenvolver é o gasoduto de hidrogénio verde com Espanha que representa um investimento superior total a 400 milhões de euros.
As contas foram feitas pela REN em maio que concluiu que a interligação entre Celorico da Beira e Zamora (CelZA) tem um custo total de 204 milhões, mas adaptar o resto da rede para que este hidrogénio chegue à raia tem um custo adicional de 210 milhões de euros, com este projeto a ser conhecido por Eixo H2 (Cantanhede-Figueira da Foz e Cantanhede-Mangualde-Celorico da Beira-Monforte).
O valor fica acima dos 300-350 milhões de euros que já tinham sido apresentados pelo Governo, ainda durante o tempo de João Galamba como secretário de Estado da Energia.
A construção deste projeto teria lugar entre 2024 e 2029 com a entrada em operação ter lugar no final de 2029.
Estas infraestruturas fazem parte do Plano de Desenvolvimento e Investimento da rede nacional de transporte de gás natural (PDIRG 2023). Os dois fazem parte dos projetos complementares do documento.
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