O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que a Suécia e a Turquia vão convocar uma reunião de alto nível em Bruxelas sobre a possível adesão da Suécia à organização atlântica antes da cimeira que se terá lugar em Vilnius, capital da Lituânia, na segunda semana de julho.
“Esta reunião incluirá ministros das Relações Exteriores, chefes de inteligência e conselheiros de segurança nacional. O objetivo é progredir na conclusão da adesão da Suécia à NATO”, disse Stoltenberg em Vilnius esta segunda-feira. O que Stoltenberg não disse é que se essa entrada não for garantida e não puder ser apresentada como ‘em consumação’ em Vilnius, será um semi-fracasso para a organização.
Do seu lado, o presidente turco mantém toda a sua retórica em torno da questão. Os jornais turcos não confirmaram o encontro de que o secretário-geral da NATO falava, tendo optado por dar especial destaque a uma conversa mantida entre Stoltenberg e Erdogan no passado domingo.
Ora, nessa conversa, e segundo aquelas fontes, o presidente turco preferiu insistir na sua própria agenda: a Suécia deve impedir a organização PKK de organizar livremente protestos no país para obter luz verde sobre a sua candidatura à NATO. “A Turquia mantém a sua posição construtiva em relação à adesão da Suécia, mas as emendas legislativas não teriam sentido enquanto os apoiantes do PKK/YPG organizam manifestações livremente naquele país”, disse.
Ancara, que ratificou a adesão da Finlândia em março, quer que a Suécia tome uma posição mais explícita contra os membros das organizações curdas, que a Turquia considera terroristas. A Suécia quer algum tipo de certeza para poder estar presente na cimeira de Vílnius a 11 e 12 de julho. E se não a tiver, dizem os observadores, não vale sequer a pena meterem-se nos aviões: não será com certeza em plena cimeira que a Turquia mudará de opinião.
A Turquia despreza assim as alterações legislativas introduzidas recentemente pelo governo de Estocolmo em torno da questão do terrorismo e do seu financiamento. A Suécia endureceu o sistema legislativo – mas sabe perfeitamente o que a Turquia quer: a extradição dos membros curdos que se encontram na Suécia. Evidentemente que, se e quando esse passo for dado, o governo terá que se haver com certeza com uma forte contestação interna, dado que a extradição para um país de pessoas que esse país considera à priori terroristas é enviá-las para um drama pré-anunciado.
Os tribunais suecos bloquearam algumas extradições para a Turquia, enquanto manifestações dos grupos curdos se manifestavam nas principais cidades do país. O ministro das Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billstrom, teve de chamar a atenção de Ancara para o facto de a liberdade de manifestação estar consagrada na Constituição sueca. Acrescentando que “algumas coisas legais nem sempre são adequadas”, como que afirmando que não pode proibir essas manifestações. Manifestações que não são ‘proibíveis’ é algo que parece escapar à lógica do governo de Erdogan.
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