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Fed: Decisão unânime de pausa em junho teve argumentos contra dos ‘falcões’

Os membros mais agressivos da Reserva Federal argumentaram que nova subida de 25 pontos seria adequada em junho, dada a força do mercado laboral e os sinais pouco evidentes de que a tendência implícita da inflação era mesmo de queda. Ainda assim, decisão acabou por ser unânime, como havia dito Powell.
5 Julho 2023, 19h42

A Reserva Federal norte-americana perspetiva mais subidas de juro ainda durante este ano, um sinal já dado pelo presidente Jerome Powell, mas vários membros argumentaram contra a decisão de manter as taxas de referência inalteradas em junho. O consenso acabou por ser unânime, mas as atas, divulgadas esta quarta-feira, mostram uma parte dos membros da Fed inclinados para mais 25 pontos base (p.b.) na última reunião, face a uma inflação ainda acima de 2% e um mercado laboral muito rígido.

As atas publicadas esta quarta-feira apontam para uma discussão rica entre os membros mais agressivos do painel de política monetária – normalmente apelidados de ‘falcões’ – e os mais conservadores – referidos como ‘pombas’ – sobre a possibilidade de subir taxas pela décima primeira vez consecutiva.

“Os participantes [da reunião] favoráveis a uma subida de 25 p.b. sublinharam que o mercado laboral continuava muito rígido, o ímpeto da atividade económica era maior do que esperado e os sinais de que a inflação estava a caminho do objetivo de 2% eram ainda escassos”, lê-se no documento.

Jerome Powell havia falado numa decisão unânime, algo que a ata corrobora, mas com uma discussão animada, cenário agora esclarecido. Por outro lado, o presidente da Fed havia também reconhecido que a sensação geral do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) continua a ser de que mais subidas serão apropriadas, embora com timing incerto e dependentes dos dados que forem surgindo.

Ainda assim, a decisão em junho foi de esperar para avaliar os efeitos da subida mais agressiva de juros em 40 anos, de 5 pontos percentuais (p.p.). Powell recusa-se a usar o termo ‘pausa’, mas a ata refere precisamente que a manutenção das taxas nos níveis atuais “irá dar o tempo necessário para avaliar o progresso da economia para os objetivos de inflação a 2% e pleno emprego”.

Do lado do crescimento, o cenário base continua a ser uma recessão leve lá mais para o final do ano, embora, dada a força da economia e, sobretudo, do mercado laboral, esta hipótese pareça tão provável como o seu contrário, mostram as atas.

A Fed volta a discutir política monetária a 25 e 26 de julho, com o mercado a atribuir agora 89% de probabilidade de nova subida de 25 p.b., de acordo com a FedWatch Tool da CME.

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