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A embrulhada em que nos encontramos

No que diz respeito ao povo, existe algum distanciamento em relação à nova realidade em que vivemos. O aumento das taxas de juro e a forte presença da inflação são difíceis de lidar, e estes são ainda inflamados por uma carga fiscal avassaladora.
19 Julho 2023, 07h15

Durante o mês de junho, finalmente tomámos conhecimento da posição do Tribunal Europeu de Justiça em relação às limitações do mercado livre. Ao que parece, a sobrevivência dos serviços de táxis não justifica a restrição de outras frotas privadas. Agora, resta aguardar pelas conclusões que o governo regional e o seu braço de direita liberal poderão retirar desta decisão inesperada, que poderá resultar numa invasão de TVDEs que ameaça tornar o custo dos transportes mais competitivo a nível regional.
Infelizmente, as boas notícias ficam por aqui. Vamos, então, ao que interessa: há mais de um ano, a invasão russa deu início a uma nova guerra fria e a um crescimento exponencial da inflação, além de uma grande incerteza no que às sanções e as suas consequências dizem respeito. Ao que parece, desde que saímos da pandemia, erramos ao não compreender o que nos esperava.
Por parte do governo, a negação já vem de trás, recorrendo aos mesmos truques mediáticos a que nos habituámos durante a pandemia, com a típica resistência e a enorme dificuldade em assumir a embrulhada em que nos encontramos.
No que diz respeito ao povo, existe algum distanciamento em relação à nova realidade em que vivemos. O aumento das taxas de juro e a forte presença da inflação são difíceis de lidar, e estes são ainda inflamados por uma carga fiscal avassaladora. A procura continua alta, as poupanças e o desemprego continuam baixos, e talvez por isso continuamos com uma inflação teimosamente alta. Sabemos também que, à semelhança de Portugal, as maiores economias ocidentais encontram-se à beira de uma recessão, sendo que a Alemanha já entrou nesse cenário.
Ao observarmos rapidamente, verificamos que o crescimento dos preços da habitação desaceleraram em toda a União Europeia (UE), mas em Portugal, esse abrandamento é muito mais ligeiro. No fim do mês, o aumento das taxas de juro ainda pesa sobre os portugueses, a inflação continua a corroer cada vez mais o seu rendimento disponível, e enquanto isso a carga fiscal continua a limitar tanto as poupanças como a atração e retenção de capital.
Por fim, no nosso pequeno país, parece que a vinda de estrangeiros não tem sido benéfica para os nacionais que desejam comprar casa, especialmente quando consideramos a vinda de americanos. Rapidamente, peço que tenham em conta que o salário médio anual nos EUA é de 53k e que, em Portugal, o D7 exige que os requerentes demonstrem apenas um rendimento mensal correspondente ao salário mínimo nacional. Deixo agora que cada um tire as suas conclusões, mas, de uma forma bastante preliminar, parece-me que o critério estará, no mínimo, desajustado, e já sabemos o motivo pelo qual tantos reformados americanos fogem para a famosa “Califórnia” europeia.
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