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Trichet alerta que a situação financeira está “tão perigosa” como em 2007 e 2008

O ex-presidente do BCE explicou, entrevista à AFP, que o abrandamento do crescimento da dívida dos países desenvolvidos foi compensado pela aceleração da dívida nos mercados emergentes, o que explica a vulnerabilidade do sistema financeiro atual.
Jonathan Ernst/Reuters
4 Setembro 2018, 16h42

A situação financeira atual está “tão perigosa” agora como em setembro de 2008, aquando da quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, considerou esta terça-feira o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet.

“É agora reconhecido que a enorme dívida nas economias avançadas tem sido um fator chave no desencadeamento da crise financeira mundial de 2007 e 2008”, declarou Trichet à agência France Presse (AFP).

Hoje, “o crescimento da dívida dos países desenvolvidos – em particular privada – abrandou, mas este abrandamento é compensado por uma aceleração da dívida nos mercados emergentes. É isto que torna atualmente todo o sistema financeiro global, pelo menos, tão vulnerável, se não mais, do que em 2008 “, disse o responsável pelo BCE entre 2003 a 2011.

Sob a sua liderança, a instituição económica e monetária europeia, com sede em Frankfurt, seguia na linha de frente, ao lado de outros grandes bancos centrais globais em 2007.

“O verdadeiro início da crise financeira que iria estalar sobre o mundo, percebi em 09 de agosto de 2007 pela manhã quando fomos confrontados com uma interrupção completa do funcionamento do mercado monetário na área do euro”, recordou Trichet.

Vários sinais já tinham sugerido uma fragilidade do mercado hipotecário nos EUA, no verão de 2007 estes sinais aceleraram e as primeiras falências ocorreram nos Estados Unidos. No final de julho desse ano, já os mercados estavam abalados e a Europa contagiada, continuou.

Em 15 de setembro de 2008, a Lehman Brothers declarou falência, desencadeando a pior crise das finanças globais desde a Grande Depressão.

Nos dias que precederam o anúncio, Trichet diz ter estado em contacto permanente com Ben Bernanke (na altura presidente da Fed), referindo que naquela altura sentiu que o Governo norte-americano não estava preparado para intervir com dinheiro público e então “preparou-se para a catástrofe”.

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