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“Portugal não tem e nunca irá assistir a uma bolha imobiliária”, afirma António Ramalho

O ex-CEO do novobanco defende que o mercado imobiliário está a ser afetado pela falta de oferta, numa altura em que a procura continua a mostrar-se resiliente. “O crescimento dos preços não esteve associado ao aumento do endividamento das famílias”, referiu durante o Portugal Real Estate Summit.
20 Setembro 2023, 07h30

António Ramalho assume que “Portugal não tem e nunca irá assistir a uma bolha imobiliária”. Esta foi uma das principais mensagens do ex-CEO do novobanco durante o seu discurso na sétima edição do ‘Portugal Real Estate’ que decorre esta terça e quarta-feira numa unidade hoteleira no Estoril.

“Apesar do que muitos dizem Portugal não tem uma bolha imobiliária e nunca irá assistir a uma. O crescimento dos preços da habitação está a ser moderado, com efeitos de base adversos e condições financeiras mais rigorosas. A procura permanece resiliente, mas as transações estão a diminuir”, referiu.

Para o economista, o crescimento dos preços da habitação em Portugal foi apoiado pela procura externa, pelo boom da atividade turística e, por último, mas não menos importante, pela oferta insuficiente, à medida que a construção de novas habitações estagnou. “O crescimento dos preços não esteve associado ao aumento do endividamento das famílias”, salientou.

António Ramalho considera que o sector imobiliário em Portugal é um mercado maduro e profissional que está a ser afetado pela falta de oferta. “Ao contrário de outros destinos periféricos Portugal continua a ser um mercado de baixo-risco devido à sua importância local. Não posso dizer que Portugal é o melhor mercado imobiliário a nível mundial, mas é um dos melhores”, sublinhou.

Quem também partilha desta opinião é o ex-ministro da Economia e da Transição Digital Pedro Siza Vieira. “O que António Ramalho demonstrou é que o mercado português está efetivamente muito maduro, onde grande parte dos portugueses são proprietários das casas onde residem, uma parte significativa desses quase dois milhões de famílias têm a casa quase paga”, afirmou em declarações ao Jornal Económico (JE).

Como tal, Pedro Siza Vieira considera que não parece haver em Portugal condições para que se venha a desenvolver uma bolha imobiliária. “O que continua a existir é uma procura muito significativa pela pouca oferta que está no mercado”, referiu, acrescentando que o cenário de bolha imobiliária vivida em Espanha no ano de 2008 não será observado em Portugal.

“O que aconteceu em 2008 em Espanha foi que houve muita construção que não encontrou comprador, com as tais cinco milhões de casas que transformaram algumas cidades em cidades fantasma. Aqui o problema é exatamente o oposto, não há casas suficientes para as pessoas que precisam de casa. Temos uma grande pressão da procura para a pouca oferta que existe”, salientou.

Entre outras razões para que tal episódio não aconteça em Portugal na opinião do ex-ministro da Economia está o facto de o pais se encontrar com níveis de emprego muito fortes, o que “significa que as pessoas têm capacidade para fazer face às despesas que vão enfrentando. A economia está a crescer mais do que na maioria da União Europeia”, realçou.

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