[weglot_switcher]

“Ativo de refúgio”. Franco suíço “imune” a tudo atinge máximos históricos face ao euro

Os investidores encontraram na Suíça o refúgio para guardar o seu dinheiro em tempos de incerteza, perante o agudizar do conflito no Médio Oriente, a guerra na Ucrânia, alertas de recessão na Europa, abrandamento da economia mundial, subida das taxas de juro pelo BCE e pela Reserva Federal, com o grande fluxo de capital a impulsionar a moeda nacional para novos valores recorde.
7 – Suíça
26 Outubro 2023, 18h42

O franco suíço voltou a atingir máximos frente ao euro, transparecendo imunidade face aos fatores externos que têm feito estremecer os mercados, por força da histórica “neutralidade do país”, segundo o “El Economista”.

Os investidores encontraram na Suíça o refúgio para guardar o seu dinheiro em tempos de incerteza, perante o agudizar do conflito no Médio Oriente, a guerra na Ucrânia, alertas de recessão na Europa, abrandamento da economia mundial, subida das taxas de juro pelo BCE e pela Reserva Federal, com o grande fluxo de capital a impulsionar a moeda nacional para novos valores recorde.

Com um aumento de 2% em relação ao seu homólogo continental, o franco já subiu 4,3% em relação aos mínimos do ano e 12% face ao seu valor mais baixo em 2022.

Em setembro, o Banco Nacional da Suíça (BNS) surpreendeu os analistas com a decisão de manter a sua taxa de juro em 1,75%, após apenas quatro ajustamentos restritivos; apesar da pausa, os responsáveis do banco central deixaram a porta aberta para novas subidas.

“Não hesitaremos em continuar a apertar a política para manter a inflação abaixo dos 2%”, explicou o seu presidente, Thomas Jordan.

O país conseguiu conter completamente a inflação, que se manteve em 1,7% em setembro e está abaixo do objetivo desde junho. Apesar de ter interrompido recentemente a subida dos preços, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) nunca ultrapassou os 3,5%.

“Não esperamos novas subidas das taxas porque prevemos que a inflação desça no próximo ano. Consequentemente, acreditamos que o BNS possa começar a cortar nas taxas de juro no próximo ano”, avançaram os analistas da Capital Economics.

A razão pela qual a moeda suíça pode valorizar face ao dólar e ao euro, impulsionada pelas taxas de juro, enquanto o “preço do dinheiro” do país se mantém baixo, é clara, sublinha o “el Economista”, destacando o seu “valor como ativo de refúgio, sobretudo em caso de conflitos internacionais”.

“O franco suíço beneficia da incerteza geopolítica”, considera David A. Meier, economista do banco suíço Julius Baer. “Desde a eclosão da crise do Médio Oriente, onde a incerteza impulsionou outros ativos de refúgio, como o ouro, o franco suíço seguiu o mesmo caminho”, explicou.

Este “valor de refúgio” face à guerra prende-se com a história do país e com o estatuto de neutralidade desde 1815. Recorda o “el Economista” que o país leva tão a sério a importância de não tomar partido que a sua própria Constituição estipula que o governo e o parlamento suíços devem “tomar medidas para assegurar a neutralidade do país”, o que leva a que a sua moeda seja menos afetada por guerras ou outros conflitos.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.