A Caixa Geral de Depósitos teve um lucro de 987 milhões de euros incluindo 150 milhões gerados pela atividade internacional. O lucro consolidado aumentou 42,6% face ao período homólogo do ano passado. A margem financeira somou 2.090 milhões a subir 129,4%.
A rentabilidade dos capitais próprios fixou-se em 14,4%.
O contributo das entidades domésticas para o resultado líquido do Grupo Caixa nos primeiros nove meses de 2023 foi de 837 milhões de euros, o que compara com 538 milhões de euros (+56%) face ao período homólogo de 2022. “Do conjunto das entidades que atuam em Portugal, a atividade da Caixa foi a principal responsável pela variação registada com um contributo de 783 milhões de euros (+329 milhões) para o resultado líquido consolidado”, diz o banco.
“Para 2024 está orçamentado o pagamento de um dividendo no valor de 461 milhões de euros”, sublinhou Paulo Macedo, na apresentação de resultados.
O banco pagou a capitalização, com o resultado obtido desde 2017 até agora (fim de setembro), salientou a CGD.
“A evolução da margem financeira e da atividade internacional contribuíram para um aumento dos proveitos superando o aumento dos custos operacionais num contexto inflacionista. Com este contributo, os capitais próprios atribuíveis ao acionista único da Caixa atingem 9,4 mil milhões de euros, tendo gerado, desde 2017, capital orgânico no valor de 4,1 mil milhões de euros, superando os 3,9 mil milhões do Plano de Recapitalização”, refere o banco.
“De relembrar que este Plano englobou o aumento de capital em três componentes: 2,5 mil milhões de euros em dinheiro, 945 milhões de euros através da entrega de obrigações subscritas pelo Estado português em 2012 e 499 milhões de euros através da entrega de ações representativas de 49% da Parcaixa”, detalha a instituição.
O banco avança que em setembro, e após autorização do supervisor, “a Caixa pagou dividendos de 713 milhões de euros, saldando 1.675 milhões dos 2.500 milhões de euros de investimento público, representando dois terços do total”.
O produto bancário somou 2.808 milhões (+79%) nos nove meses, dos quais 2.322,5 milhões de euros em Portugal (+115,8%).
A margem financeira consolidada aumentou 1.179 milhões de euros, devido essencialmente ao contributo da atividade em Portugal.
As comissões registaram um decréscimo de 31 milhões euros (–7%) face a setembro de 2022, onde se destacaram as menores comissões associadas ao crédito e a aplicação de isenções. Para esta variação contribuíram essencialmente as diminuições registadas na CGD Portugal (–14 milhões de euros) e no BCI Moçambique (–9 milhões de euros). Os resultados de operações financeiras registaram um crescimento de 21 milhões de euros face aos primeiros nove meses de 2022. “Esta evolução foi fortemente influenciada pela operação não recorrente de liquidação do Fundo de Pensões, ocorrida em fevereiro de 2023. Expurgando este efeito extraordinário, os resultados de operações financeiras teriam uma variação negativa de 59 milhões de euros”.
Os custos de estrutura totais registaram um aumento de 78 milhões de euros (+11%) face a setembro de 2022, devido essencialmente ao aumento registado nos custos com pessoal (+41 milhões de euros) e nos gastos gerais administrativos (+43 milhões de euros).
O banco destaca o pagamento de 69 milhões de euros de custos regulamentares.
A CGD diz que deduzindo os efeitos extraordinários ocorridos nos primeiros nove meses de 2022 e 2023, essencialmente associados ao programa de reestruturação do pessoal, os custos de estrutura registaram um aumento de 49 milhões de euros (+8%) face a setembro de 2022, ao qual não foi alheio o efeito da evolução da taxa de inflação.
Assim, o rácio de eficiência melhorou num ano para 27,9%. “O rácio de cost–to–income recorrente desceu para 25,8%, sustentado em elevados níveis de eficiência e na melhoria dos proveitos”, prefere destacar o banco.
Os depósitos de clientes alcançaram 79 mil milhões de euros a nível consolidado e 69 mil milhões na atividade doméstica, “onde foi mantida a liderança na quota de mercado de depósitos totais (23,1%) tal como no segmento de particulares (31,4%)”. No mercado nacional, os depósitos de clientes diminuíram 4,9% face a dezembro de 2022. Mas o banco destaca que no decurso do terceiro trimestre registou–se uma inversão desta tendência com um aumento de cerca de 200 milhões de euros.
No crédito a clientes, a Caixa alcançou 53 mil milhões euros em termos consolidados dos quais 45 mil milhões em Portugal, valores estabilizados face ao período homólogo.
“A nível doméstico, este volume representa uma quota de mercado de 17,8%, preservando a liderança, com destaque para o crédito à habitação (23,3%), onde a Caixa se mantém líder de mercado, num contexto em que se verifica um nível significativo de reembolsos antecipados”, segundo o banco.
Em termos de qualidade da carteira de crédito a CGD reportou um rácio de Non-Performing Loans (malparado) de 2,09%, melhorando face aos 2,43% em 2022. Em valor absoluto houve uma redução de 18,3% para 1.514 milhões, dos quais 280 milhões foram write-offs. O rácio de NPE (que inclui garantias e outras rubricas no calculo do malparado) fixou-se em 1,8%.
A cobertura por imparidades dos NPL está em 77,8% e os NPE em 70,6%.
“O crédito em Stage 1 (crédito bom) representa 89% da carteira de crédito, e o crédito em Stage 3 (com imparidade) diminuiu.
O custo do risco piorou para 0,36% (foi -0,01% em 2022). As imparidades subiram por prudência. As provisões e imparidades registadas em 2023, até setembro, aumentaram 690 milhões de euros face ao período homólogo de 2022. Das quais 154 milhões de euros (a subirem 282 milhões) são para crédito e 355 milhões (+408 milhões) são outras prestações.
“Esta evolução tem subjacente a continuidade da postura conservadora e preventiva da Caixa na cobertura de eventuais riscos colocados pela atual conjuntura económica”.
A variação “foi influenciada por fatores não recorrentes, associados essencialmente ao programa de reestruturação do pessoal (reversão de provisionamento em 2022 e reforço em 2023), à alienação de carteiras de ativos que se verificou nos dois exercícios e à revisão atuarial ao abrigo do Decreto-Lei n.º 14/2023”.
Há a provisão para pode capacitar o banco para poder ter de compensar o Estado por causa da entrega das responsabilidades com pensões à Caixa Geral das Aposentações. “A provisão para fazer face a desvios a atuariais que possam existir é de 166 milhões de euros”, disse Paulo Macedo.
Os imóveis detidos para venda soma 314 milhões de euros incluindo 69 milhões do extinto Fundo de Pensões. Os imóveis estão cobertos em 48% por imparidades.
A exposição a fundos de reestruturação caiu de 205 milhões em 2022 para 197 milhões de euros.
O rácio CET 1 alcança os 20,1%, mais do dobro do requisito regulamentar e o rácio de Capital Total, 20,3%, mais de 50% face ao requisito.
O banco destaca que o rácio de MREL atingiu o montante de fundos próprios e de passivos elegíveis equivalentes a 27,86% do total de ativos ponderados pelo risco excedendo o requisito aplicável a partir do início de 2024 (26,44%).
A Caixa foi o 1.º grupo bancário entre os bancos supervisionados pelo BCE e o terceiro grupo bancário com a menor redução de capital entre os 70 bancos incluídos no EBA 2023 EU-Wide Stress Test.
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