[weglot_switcher]

Liderança nas empresas. De cada euro recebido por homens, mulheres ganham 89 cêntimos

Estudo da EY e BCSD Portugal conclui que “à medida que o grau de responsabilidade e complexidade do cargo aumenta, com uma representação que se inicia em 49,3% nas funções de administrativos e operacionais e diminui para uma representação de 27,3% na direção executiva”.
25 Novembro 2023, 13h09

As diferenças entre géneros nas empresas em Portugal foram constatadas por mais um estudo estatístico divulgado esta semana. Apesar de as organizações nacionais estarem mais comprometidas com a Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), o género masculino tende a receber mais e a progredir de forma mais rápida na hierarquia.

Dentro da mesma empresa, particularmente nos cargos de direção, por cada euro auferido pelos homens, as mulheres ganham, em média, apenas 89 cêntimos, concluiu o estudo “DEI no meio empresarial português”, desenvolvido pela BCSD Portugal em parceria com a EY Portugal.

“À medida que o grau de responsabilidade e complexidade do cargo aumenta, com uma representação que se inicia em 49,3% nas funções de administrativos e operacionais e diminui para uma representação de 27,3% na direção executiva”, lê-se no documento elaborado pela associação e pela consultora, no âmbito do grupo de trabalho DEI, que reúne mais de 50 associadas.

Uma das principais conclusões é que, à medida que a progressão para cargos de liderança avança, só 27,3% das mulheres ocupam posições de direção executiva e o género feminino. Por outro lado, as mulheres são as que têm mais contratos a tempo parcial e os homens contratos de trabalho temporário.

“Os resultados deste estudo vão permitir às empresas identificar as áreas de melhoria e preparar o reforço de algumas das políticas e práticas, com o intuito de as tornar mais equitativas e inclusivas. Já são notáveis alguns esforços realizados nesse sentido, mas ainda há um longo caminho a percorrer”, alertou o presidente do BCSD Portugal.

“É com o intuito de transmitir conhecimento, partilhar boas práticas e ferramentas de aplicação e promover processos de mudança que a equipa do BCSD Portugal trabalha diretamente com o tecido empresarial português, contribuindo para a diminuição dos impactos e acrescentando valor às suas jornadas de DEI”, acrescenta António Pires de Lima.

Os pontos positivos encontrados foram o compromisso com DEI na liderança, a predominância do sentido de justiça na cultura de empresa e a escolha de talento. Por outro lado, as organizações continuam a precisar de melhorar em: comunicação da DEI, mais inclusão no segmento de processos e políticas e formação. Até porque, por exemplo, quase metade (48,8%) não sabe se a empresa dá prioridade a fornecedores ou parceiros que deem valor à DEI, uma componente que faz parte do “S” do ESG.

Mais: quando questionados sobre como é que a empresa desenvolve e implementa a DEI, 42,4% dos colaboradores admitiu que também sabia. Quanto à gestão do tema, cerca de um terço (30,7%) mencionou o departamento de Recursos Humanos.

Segundo os autores do estudo, departamentos e equipas de trabalho especializadas, desenvolvimento de competências nas lideranças e monitorização das práticas DEI são os recursos fundamentais para a progressão desta área nas empresas.

O inquérito envolveu uma amostra 73 empresas – de sectores como serviços, consultoria, indústrias transformadoras e atividades ligadas à construção e engenharia – e 96.757 trabalhadores, a maioria (60%) dos quais com mais de 43 anos. Os dados completos serão partilhados pela BCSD e EY dentro dos próximos dias.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.