Numa altura em que os bancos da UE serão obrigados a incluir riscos ESG na revisão dos requisitos de capital, Cristina Melo Antunes, responsável de negócio ESG Green Finance do Santander Portugal, respondeu à questão do Jornal Económico: “As empresas portuguesas vão passar a ter um rating ESG para poderem aceder ao financiamento bancário. O que devem fazer as empresas para melhorarem o seu rating ESG e terem acesso mais facilitado ao crédito?”
Na resposta a responsável do Santander Totta defendeu que “a avalanche regulatória que vem sendo levada a cabo pela União Europeia irá implicar, por parte dos bancos, a integração de critérios ESG nas decisões de financiamento bancário”.
“Assim, a par da informação de natureza financeira há muito preparada e divulgada pelas empresas, estas terão que disponibilizar informação não financeira ESG de forma a permitir aos bancos complementar a avaliação de risco tradicional das empresas (baseada em critérios financeiros) com a avaliação de risco ESG que pretende medir a resiliência a longo prazo da empresa face a riscos setoriais de caráter ambiental, social e de governança”, acrescenta.
Cristina Melo Antunes salientou ainda que “a nova Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade, que entra em vigor no ano fiscal de 2024, vai exigir das grandes empresas e dos bancos, o mapeamento dos impactos ao longo de toda a cadeia de valor, nomeadamente, a cadeia de fornecedores e os clientes”.
“Assim em termos práticos, também as PMEs que tenham necessidades de financiamento e/ou relações comerciais com grandes empresas, serão chamadas a avaliar, medir e gerir o seu desempenho nos critérios não financeiros ESG”, alerta a responsável do Santander Totta.
A principal entidade reguladora bancária europeia está a rever o quadro que estabelece as regras de capital, de modo a que os bancos passem a incluir os riscos ambientais e sociais (ESG) nas almofadas de capital que o setor tem de cumprir.
Numa entrevista à Bloomberg, o presidente da Autoridade Bancária Europeia (EBA, sigla em inglês), José Manuel Campa, anunciou que foram identificadas “algumas mudanças a curto prazo” nos requisitos mínimos de capital – conhecidos como os requisitos de Pilar 1 – “que já podem ser implementadas” e disse que outras serão introduzidas gradualmente nos próximos anos, com algumas exigir nova legislação.
Numa estreia mundial, o principal regulador bancário da Europa está a rever o seu quadro de requisitos de capital e a exigir que os bancos incluam riscos ambientais e sociais nas suas reservas.
A EBA já disse que os requisitos mais recentes são apenas o início do que se pretende ser uma reformulação contínua dos quadros de capital bancário europeu no contexto da crescente ameaça das alterações climáticas.
De acordo com as novas mudanças, espera-se que os bancos e os reguladores nacionais incorporem riscos ambientais nos riscos da carteira de negociação, garantam que os valores das garantias incorporem riscos físicos e de transição, adaptem modelos para calcular os riscos decorrentes da incorporação de fatores ESG e garantam que a avaliação de crédito inclua considerações ESG como “fatores de risco de crédito”.
Além disso, a EBA propõe incluir o risco ambiental no seu programa de testes de esforço e desenvolver métricas de risco para reporte de supervisão.
A longo prazo, a autoridade planeia utilizar a análise de cenários para melhorar os aspectos prospectivos do quadro prudencial e introduzir métricas de risco de concentração ambiental.
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