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“Avalanche regulatória implicará integração de critérios ESG nas decisões de financiamento bancário”, defende Santander Totta

Cristina Melo Antunes, responsável de negócio ESG Green Finance do Santander Portugal, disse ao Jornal Económico que “em termos práticos, também as PMEs que tenham necessidades de financiamento e/ou relações comerciais com grandes empresas, serão chamadas a avaliar, medir e gerir o seu desempenho nos critérios não financeiros ESG”.
8 Dezembro 2023, 15h21

Numa altura em que os bancos da UE serão obrigados a incluir riscos ESG na revisão dos requisitos de capital, Cristina Melo Antunes, responsável de negócio ESG Green Finance do Santander Portugal, respondeu à questão do Jornal Económico: “As empresas portuguesas vão passar a ter um rating ESG para poderem aceder ao financiamento bancário. O que devem fazer as empresas para melhorarem o seu rating ESG e terem acesso mais facilitado ao crédito?”

Na resposta a responsável do Santander Totta defendeu que “a avalanche regulatória que vem sendo levada a cabo pela União Europeia irá implicar, por parte dos bancos, a integração de critérios ESG nas decisões de financiamento bancário”.

“Assim, a par da informação de natureza financeira há muito preparada e divulgada pelas empresas, estas terão que disponibilizar informação não financeira ESG de forma a permitir aos bancos complementar a avaliação de risco tradicional das empresas (baseada em critérios financeiros) com a avaliação de risco ESG que pretende medir a resiliência a longo prazo da empresa face a riscos setoriais de caráter ambiental, social e de governança”, acrescenta.

Cristina Melo Antunes salientou ainda que “a nova Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade, que entra em vigor no ano fiscal de 2024, vai exigir das grandes empresas e dos bancos, o mapeamento dos impactos ao longo de toda a cadeia de valor, nomeadamente, a cadeia de fornecedores e os clientes”.

“Assim em termos práticos, também as PMEs que tenham necessidades de financiamento e/ou relações comerciais com grandes empresas, serão chamadas a avaliar, medir e gerir o seu desempenho nos critérios não financeiros ESG”, alerta a responsável do Santander Totta.

A principal entidade reguladora bancária europeia está a rever o quadro que estabelece as regras de capital, de modo a que os bancos passem a incluir os riscos ambientais e sociais (ESG) nas almofadas de capital que o setor tem de cumprir.

Numa entrevista à Bloomberg, o presidente da Autoridade Bancária Europeia (EBA, sigla em inglês), José Manuel Campa, anunciou que foram identificadas “algumas mudanças a curto prazo” nos requisitos mínimos de capital – conhecidos como os requisitos de Pilar 1 – “que já podem ser implementadas” e disse que outras serão introduzidas gradualmente nos próximos anos, com algumas exigir nova legislação.

Numa estreia mundial, o principal regulador bancário da Europa está a rever o seu quadro de requisitos de capital e a exigir que os bancos incluam riscos ambientais e sociais nas suas reservas.

A EBA já disse que os requisitos mais recentes são apenas o início do que se pretende ser uma reformulação contínua dos quadros de capital bancário europeu no contexto da crescente ameaça das alterações climáticas.

De acordo com as novas mudanças, espera-se que os bancos e os reguladores nacionais incorporem riscos ambientais nos riscos da carteira de negociação, garantam que os valores das garantias incorporem riscos físicos e de transição, adaptem modelos para calcular os riscos decorrentes da incorporação de fatores ESG e garantam que a avaliação de crédito inclua considerações ESG como “fatores de risco de crédito”.

Além disso, a EBA propõe incluir o risco ambiental no seu programa de testes de esforço e desenvolver métricas de risco para reporte de supervisão.

A longo prazo, a autoridade planeia utilizar a análise de cenários para melhorar os aspectos prospectivos do quadro prudencial e introduzir métricas de risco de concentração ambiental.

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