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Miguel Poiares Maduro: “Vejo o país muito complacente e satisfeito com a mediocridade”

“A minha preocupação é que vejo o país muito complacente. Satisfeito com a mediocridade. Desde que não se tenha uma bancarrota está tudo bem e isso preocupa-me”, destacou o antigo ministro em declarações proferidas na “Forbes Annual Summit 2023: Empower the Future”, que tem lugar esta terça-feira.
12 Dezembro 2023, 11h02

Miguel Poiares Maduro, dean da Católica Global School of Law, revelou esta terça-feira estar “muito desiludido com as regras do Plano de Recuperação e Resiliência e que o país está “muito complacente e satisfeito com a mediocridade”.

“O período em que o país se portou pior economicamente desde 1950 foi nos últimos 25 anos, ou seja a partir da adesão ao euro. Tivemos uma ligeira redução desigualdade, mas ao custo do empobrecimento da sociedade, através da aproximação dos salários médios e mínimos. A minha preocupação é que vejo o país muito complacente. Satisfeito com a mediocridade. Desde que não se tenha uma bancarrota está tudo bem e isso preocupa-me”, destacou.

Miguel Poiares Maduro destacou ainda que “o principal problema do país é não valorizar as suas instituições e todo o seu processo de decisão. Não há coisa pior para o país que os últimos resultados dos testes de PISA, que foram medíocres. Estes tiveram 10% da atenção mediática e política do que o aeroporto. E a educação é muito mais importante que o aeroporto”.

O Forbes Annual Summit 2023: Empower the Future tem lugar esta terça-feira, sendo que este é um evento que reúne decisores políticos, empresários e académicos, para debater o papel da inovação para um futuro mais justo e mais sustentável. O painel “Economia de impacto e responsabilidade social” reuniu Nádia Reis, diretora de Responsabilidade Social do Continente – Missão Continente; Carlos Oliveira, CEO da Fundação José Neves e Miguel Poiares de Maduro, dean da Católica Global School of Law.

Carlos Oliveira, CEO da Fundação José Neves, destacou que “há um papel do Estado e dos privados na responsabilidade social. Tem de ser integrado num negócio e numa iniciativa paralela. Esta incorporação dos ESG em toda a atividade da empresa é aquilo que tem de acontecer para que haja uma melhor funcionalidade dentro da empresa”.

A transformação digital como mecanismo que pode envolver a supressão de postos de trabalho é algo que deve ser encarado de outra forma, de acordo com a análise de Nádia Reis, diretora de Responsabilidade Social do Continente – Missão Continente neste evento. Este quadro da Sonae deu como exemplo o sistema de “Self check out” do Continente: “Não se trata de supressão de postos de trabalho mas sim responder às necessidades dos clientes e redirecionar funcionários para outras tarefas. Temos que rever a nossa política educacional para preparar os jovens para os novos empregos”. A responsável deu ainda como exemplo os 30 milhões de folhetos personalizados gerados pela tecnologia “que temos ao nosso dispor para prever o comportamento de compra”.

Sobre a responsabilidade social, Nádia Reis realça que “os consumidores têm outras preocupações e um conhecimento aprofundado de toda a cadeia de valor que está inerente à produção, esse papel é fundamental para as organizações hoje. Não basta convidar os clientes a entrar nas nossas lojas, temos que envolver os clientes nos nossos valores”.

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