1954: a família religiosa de Hamburgo
Angela Dorothea Kasner nasceu a 17 de julho de 1954, em Hamburgo, na Alemanha, numa família de tradição religiosa. O pai, Horst Kasner, era pastor luterano e a infância de Angela foi marcada por uma educação religiosa na então Alemanha comunista. Tal como a maioria das crianças, foi membro do movimento juvenil oficial Juventude Livre Alemã e, em 1973, começou a estudar na Universidade de Leipzig.
1977: de Kasner a Merkel
Merkel é um sobrenome que Angela recebeu no casamento com o estudante de física Ulrich Merkel, em 1977. No entanto, cinco anos depois, o casal Merkel separou-se e Angela Merkel focou-se nos estudos, tendo-se doutorado em química quântica em Berlim. Em 1981, Angela conheceu o atual marido, Joachim Sauer, com quem casou em 1998. Merkel nunca chegou a mudar de nome, nem teve filhos.
1989: muro cai e Merkel na sauna
9 de novembro de 1989 foi um dia marcante para a Alemanha. O muro de Berlim caiu, dando início à reunificação da Alemanha. No entanto, para uma Angela Merkel de 35 anos “era quinta-feira e quinta-feira era o meu dia de sauna portanto era aí que eu estava”, como a própria explicou em entrevista ao jornal britânico The Guardian, em 2009. Berlim pode ter mudado, mas a rotina de ir à sauna à quinta-feira manteve-se.
1990: emergência política
O fim da Guerra Fria marcou o início da carreira política de Angela Merkel. Ativista de centro direita, juntou-se ao movimento Demokratischer Aufbruch (ou Acordar Democrático, em português). Na altura, as funções que tinha eram montar computadores novos que chegavam às instalações. O movimento acabou por se unir à Christlich Demokratische Union (CDU ou União Democrática Cristã). Em 1990, foi eleita para o parlamento alemão – o Bundestag – na primeira eleição geral da Alemanha reunificada.
1991: o mentor Kohl
Merkel chegou pela primeira vez ao governo alemão como ministra federal para as mulheres e juventude. Helmut Kohl, que mais tarde a acusou de destruir a Europa, tornou-se seu mentor, chamando-a de “mein Mädchen” (minha menina).
1994: ministra do ambiente
Merkel foi nomeada ministra federal do ambiente e, segundo o seu biógrafo Gerd Langguth, chorou durante negociações numa conferência das Nações Unidas sobre o aquecimento global em Berlim. Apesar de ter conseguido levar a cabo os trabalhos, a prestação de Merkel como ministra do ambiente foi avaliada pelos sociais democratas como negativa.
1998: liderança da CDU
Kohl cumpria as últimas funções como chanceler da Alemanha e a, então com 44 anos, Merkel chegou a secretária-geral do partido, uma decisão aplaudida pelo comparte e então presidente da CDU, Wolfgang Schäuble. Dois anos depois, Schäuble resignou e Merkel tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da CDU, com 895 votos a favor, de um total de 937.
1999: tomada de posição política
O partido viu-se envolvido num escândalo sobre doações políticas, que obrigou Merkel a tomar uma decisão difícil. Os dois mentores que a ajudaram a subir no partido, Kohl e Schäuble, estavam implicados. Merkel escreveu um artigo político para o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung em que instou a a CDU a seguir em frente e abandonar a era Kohl. A decisão foi vista como uma traição.
2002: o pequeno-almoço arriscado
Os primeiros anos de Merkel como líder do partido não foram fáceis, principalmente devido a uma luta de poder com Edmund Stoiber, o presidente do partido irmão bávara, a União Social Cristã (CSU). Merkel fez mais uma jogada arriscada e num, agora famoso pequeno almoço com Stoiber, decidiu retirar o apoio para uma candidatura conjunta às eleições legislativas. O que parecia ser uma derrota para Merkel, acabou por o ser para Stoiber.
2005: a primeira mulher chanceler alemã
Não foi óbvia a chegada, mas Merkel tornou-se, em novembro de 2005, a primeira mulher eleita como chanceler da Alemanha. Nas eleições parlamentares, a CDU/CSU venceu com apenas mais um por cento que o concorrente SPD. No entanto, o líder social-democrata renunciou ao cargo e Merkel assumiu a liderança de uma coligação entre CDU / CSU e SPD.
2009: reeleição
Nas eleições parlamentares de 2009, os conservadores de Merkel ganharam com a percentagem de votos menor em 60 anos (33,8 por cento), mas Merkel manteve-se no cargo, juntando os liberais do FDP à coligação.
2011: a ambientalista
Depois da crise nuclear em Fukushima, no Japão, Merkel anunciou o objetivo de acabar com a energia nuclear até 2020, um plano que ficou conhecido Energiewende (ponto de viragem da energia). No mesmo ano, Merkel centrou as atenções na Europa durante a crise da dívida soberana na zona euro. Os bancos alemães detinham, na altura, grande parte da dívida pública da Grécia, pondo o destino grego nas mãos da chanceler.
2013: terceira chanceler pós-guerra
As eleições parlamentares mantiveram Merkel no cargo de terceira chanceler da Alemanha reunificada. Merkel conseguiu o melhor resultado de sempre e celebrou uma década em funções. O FDP perdeu lugares no parlamento e a CDU voltou a coligar-se com o SPD. No mesmo ano, as relações entre a Alemanha e os EUA arrefeceram depois de o escândalo da Wikileaks ter revelado que os serviços secretos norte-americanos andavam a gravar conversas telefónicas de Merkel há anos.
2015: depois da economia, os migrantes
Quando a zona euro começava a recuperar da crise da dívida soberana, viu-se confrontada com a crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial. A posição de Merkel sobre os migrantes que todos os dias tentavam chegar à Europa foi determinante, quando a chanceler decidiu abrir temporariamente as fronteiras para a entrada de sírios que fugiam da guerra. A Alemanha tornou-se o país europeu com maior número de pedidos de asilo e Merkel passou uma mensagem de abertura ao mundo.
2017: encontro de líderes
Um dos eventos mais importantes de 2017 foi o encontro entre Angela Merkel e Donald Trump, o então recém-eleito presidente dos EUA. A ideia que ficou da reunião em Washington foi que a relação entre os dois países não iria ser fácil. Com Trump a adotar políticas no mínimo controversas, há quem defenda que Merkel passou a ser a líder do mundo livre. O ano passado ficou ainda marcado pela decisão da Alemanha de aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que tinha sido impedido durante anos pela CDU, e por umas eleições que Merkel venceu, mas das quais saiu enfraquecida.
2018: governo atrasado e o abandono da liderança do partido
Era já fevereiro quando os conservadores da chanceler e os social-democratas de Martin Schulz chegaram a acordo para formar um governo de coligação na Alemanha, resultante das eleições do verão do ano anterior. A demora enfraqueceu Merkel, cujo poder ficou ainda mais débil com as eleições regionais de dia 28 de outubro. No dia seguinte, a chanceler anunciou que irá manter-se no cargo até ao fim do mandato, mas que não irá recandidatar-se à liderança da União Democrata Cristã.
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