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Mulheres ao poder na Etiópia. As novas presidentes da República e do Supremo Tribunal

A diplomata Sahle-Work Zewde e a advogada Meaza Ashenafi são as primeiras mulheres de sempre a assumir a presidência da República e do Supremo Tribunal Federal da Etiópia, respetivamente. “A marcha da Etiópia rumo à paridade de género em posições-chave de liderança prossegue de forma incansável”, enalteceu o chefe de gabinete do primeiro-ministro.
5 Novembro 2018, 09h28

No dia 25 de outubro de 2018, Sahle-Work Zewde foi nomeada como presidente da Etiópia, a primeira mulher de sempre a assumir esse cargo (não executivo). Aos 68 anos de idade, a diplomata de carreira foi eleita por unanimidade nas duas câmaras da Assembleia Parlamentar Federal da Etiópia, substituindo assim o demissionário Mulatu Teshome. Cerca de uma semana antes da nomeação de Zewde, o primeiro-ministro Abiy Ahmed remodelou a composição do Governo, diminuindo o número de ministérios (de 28 para 20) e assegurando uma estrita igualdade de género: 10 ministros e 10 ministras. A Etiópia tornou-se assim o segundo país africano a implementar a paridade de género entre os membros do Governo, seguindo o exemplo pioneiro do Ruanda.

“Eu sou produto de pessoas que lutaram pela igualdade e liberdade política neste país e vou trabalhar arduamente para os servir. Se pensavam que já falei muito sobre mulheres, saibam que estava apenas a começa”, declarou Zewde no dia da eleição, perante os representantes parlamentares etíopes. “Se a presente mudança em curso na Etiópia for liderada por homens e mulheres em igualdade, poderá manter o seu ímpeto e realizar uma Etiópia próspera, livre de discriminação religiosa, étnica ou de género”, sublinhou a nova presidente. Mudança que não se cingiu ao Governo e à Presidência da República. No dia 1 de novembro, a advogada Meaza Ashenafi, feminista, especializada em direitos humanos, foi nomeada como presidente do Supremo Tribunal Federal da Etiópia.

O chefe de gabinete do primeiro-ministro, Fitsum Arega, enalteceu as nomeações de Zewde e de Ashenafi, através de publicações na rede social Twitter. “Numa sociedade patriarcal como a nossa, a nomeação de uma mulher como chefe de Estado não só estabelece o padrão para o futuro como também normaliza a tomada de decisões por mulheres na vida pública”, escreveu sobre Zewde. “A marcha da Etiópia rumo à paridade de género em posições-chave de liderança prossegue de forma incansável”, salientou em relação a Ashenafi.

Nascida na capital Adis Abeba, Zewde é uma das mais experientes diplomatas da Etiópia, tendo representado o país como embaixadora no Senegal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Gâmbia e França. Posteriormente foi representante permanente na União Africana e na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), diretora-geral de Assuntos Africanos no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, representante especial do secretário-geral da Organização das Unidas (ONU) Ban Ki-moon e chefe da Missão Internacional de Apoio à República Centro-Africana, entre outras funções. Mais recentemente, em junho deste ano, o atual secretário-geral da ONU, António Guterres, nomeou Zewde como representante especial na União Africana e chefe do gabinete da ONU na mesma União Africana, cargo equiparado a sub-secretária-geral da ONU (também foi a primeira mulher a exercer tais funções).

Por sua vez, Ashenafi era conselheira em questões de género e direitos das mulheres na Comissão Económica da ONU para a África, sediada em Adis Abeba. Fundou a Associação de Mulheres Advogadas Etíopes (a qual providencia ajuda legal a mulheres pobres e foi pioneira na defesa, proteção e advocacia dos direitos das mulheres) e trabalhou como juíza em tribunais superiores. Como advogada, uma das mais prestigiadas do país, dedicou-se sobretudo à proteção legal das mulheres, à promoção dos direitos humanos e à mediação financeira a favor das mulheres. Também participou na conceção da atual Constituição da Etiópia, como conselheira de direitos humanos. “Ela traz um historial de competência e experiência relevante para o cargo”, salientou o chefe de gabinete do primeiro-ministro etíope.

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