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Ataques no Mar Vermelho com influência global na economia

Os ataques de que os navios comerciais têm sido alvo quando entram ou saem do Canal do Suez podem mudar a face do comércio mundial.
17 Janeiro 2024, 12h41

As empresas estão a enfrentar o mais recente desafio da cadeia de fornecimentos: o desvio dos navios comerciais de uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo: o Canal do Suez. A consultora Allianz refere num ‘research’ que “vemos um impacto desigual nos sectores”.

Todos estão a acompanhar os acontecimentos no Mar Vermelho, mas segundo o documento, há que ter em atenção alguns pontos. O primeiro é que os ataques, em resposta à guerra de Israel em Gaza, “representam uma grave ameaça ao comércio global” – cerca de um terço do comércio do mundo passa por ali. “Até agora, a interrupção não afetou as cadeias de abastecimento e empresas na mesma medida que a pandemia de Covid-19. Mas a turbulência contínua pode levar a atrasos nas encomendas e custos mais elevados para as empresas – e, em última análise, para os consumidores –alimentando novas pressões inflacionistas”, refere o documento.

Para as empresas de navegação e numa lógica de no curto prazo, “vemos um potencial aumento dos lucros. As taxas aumentaram 61% nas últimas duas semanas e muitas empresas estão a desviar os navios do Mar Vermelho para rotas mais longas, ao redor do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul de África, adicionando aproximadamente dez dias à viagem”.

Tempos de viagem mais longos exigem mais navios, recorda a Aliianz. ”Mas permanecemos cauteloso quanto às perspetivas para as empresas de transporte marítimo. Uma vez as hostilidades diminuam, acreditamos que as taxas de contentores cairão e o excesso de capacidade será novamente um desafio. No curto prazo, os operadores de transporte aéreo também poderão beneficiar, uma vez que empresas que normalmente enviariam mercadorias por via marítima procuram garantir uma entrega mais rápida para mercadorias selecionadas”.

Do outro lado, as empresas comerciais “estão na linha de frente da perturbação. A maioria depende do movimento de mercadorias de fabricantes na Ásia e tempos de envio mais longos podem levar a atrasos na obtenção de stocks e custos mais elevados. Para o comércio de moda, por exemplo, os custos de frete representam cerca de 4% do custo dos bens vendidos”.

Neste contexto, os “atrasos no comércio marítimo podem levar algum comércio a importar itens de maior valor por frete aéreo – mas isso implicará custos mais elevados. Um fator atenuante é que os níveis de stock existentes são geralmente altos

Mas, alerta a consultora, “se as taxas de frete de Ásia para a Europa duplicarem ou triplicarem durante um período prolongado, estes custos adicionais provavelmente irão corroer as margens de lucro”.

Um dos sectores que pode ser mais afetado é o das tecnologias e os fabricantes de automóveis: “o impacto no setor será desigual, já que a maioria dos itens de tecnologia (incluindo semicondutores, smartphones e laptops) são enviado por via aérea em vez de marítima. Empresas que dependem itens enviados por mar, como TVs, máquinas e veículos, são mais vulneráveis”.

Do outro lado estão as empresas de petróleo e gás: stocks de energia estão positivamente a valorizar. E isso continuará a suceder, nomeadamente pelo contributo paralelo do aumento dos fretes e da guerra na Palestina.

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