A Turbogás garante estar disponível para assegurar a operação da central a gás natural de Gondomar, do distrito do Porto, até à conclusão do concurso que o próximo Governo deverá lançar.
Esta central é crucial para assegurar a segurança de abastecimento de eletricidade no grande Porto e no norte do país, onde vivem mais de 3,5 milhões de portugueses e onde está concentrada uma parte importante da indústria nacional.
A Turbogás pertence à TrustEnergy, consórcio detido pelos franceses da Engie e os japoneses da Marubeni.
“A TrustEnergy confirma que tem mantido contatos com o Governo sobre a Central da Turbogás e garante que vai cumprir as suas responsabilidades em articulação com a REN (Redes Energéticas Nacionais), e está certa de que o processo vai correr de forma suave para o sistema elétrico”, respondeu ao JE fonte da TrustEnergy.
Ainda recentemente, o Governo disse que estava a conversar com a empresa para assegurar que a central iria continuar a trabalhar.
“Estamos a trabalhar na solução transitória. Não será possível lançar o concurso por parte do Governo em gestão. Este Governo tinha uma visão para o futuro da Tapada do Outeiro, a ideia seria lançar um concurso que permitisse já a descarbonização da central por via da hibridização, mas isso não será possível, pois é uma decisão de longo prazo, estamos a falar de um contrato de, pelo menos, 10 anos, portanto deverá caber ao próximo Governo”, disse a secretária de Estado da Energia, a 16 de janeiro, à margem de um evento em Lisboa.
“O que vamos fazer é, dentro do enquadramento existente, que prevê este período transitório, assegurar que a central pode continuar a prestar os serviços que presta ao sistema elétrico nacional”, acrescentou Ana Fontoura Gouveia.
Falando com o promotor? “É esse trabalho que está a ser feito, envolvendo todas as entidades competentes”, respondeu a governante.
O prazo de vigência do Contrato de Aquisição de Energia (CAE) e a licença de produção, da central a gás natural da Tapada do Outeiro, em Gondomar, distrito do Porto, está a chegar ao fim. O contrato da central, com 1 gigawatt, termina no final de março, a pouco mais de um mês de distância.
A 5 de julho de 2023, o então diretor-geral de Energia anunciou que o concurso seria lançado pelo Governo o “mais rapidamente possível”.
Entretanto, João Bernardo já deixou a liderança da Direção-Geral de Energia (DGEG) depois da polémica com a ‘vaquinha’ lançada por si para comprar um carro usado perante a degradação do parque automóvel do organismo.
Quando terminar o CAE, a central com 1 gigawatt de potência já contará com 27 anos de vida. Em novembro de 2022, o ministro do Ambiente anunciou o lançamento do concurso em 2023, afirmou, citado pela “Lusa”. Na altura, o “Público” noticiou que Duarte Cordeiro garantiu o funcionamento da central a gás até 2030.
Na ocasião, o diretor-geral da Turbogás, Perfeito Isabel, disse que a central reunia as condições técnicas necessárias à implementação de novas tecnologias, como o hidrogénio verde.
Este é o segundo grande projeto industrial da TrustEnergy, cuja licença chega ao fim. No final de 2021, a central a carvão do Pego, em Abrantes, distrito de Santarém, fechou portas. O concurso lançado pelo Governo para dar nova vida à central terminou numa guerra fraticida entre os dois antigos acionistas: os espanhóis da Endesa e o consórcio nipónico-gaulês da TrustEnergy.
A TrustEnergy conta com a segunda maior potência instalada em Portugal e é a quarta maior operadora eólica, através da TrustWind.
A Trustenergy também detém 50% da central a gás natural do Pego, a Elecgas, com 840 megawatts, com os outros 50% a serem detidos pela Endesa. As duas empresas também eram sócias na central a carvão do Pego, mas a Endesa venceu o concurso para explorar o ponto de ligação que pertencia a esta central.
Em julho de 2022, o “Eco” noticiou que a Trustenergy estava a preparar-se para desenvolver um projeto de hidrogénio de 100 milhões de euros para implementar na zona da Tapada do Outeiro, mas o projeto aguardava por uma decisão sobre o futuro deste ponto de ligação: se continuaria nas mãos do consórcio ou se seria lançado um concurso.
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