João Nuno Palma, vice-presidente do BCP, considera que a descida das taxas de juro vai dar um novo fôlego ao mercado de operações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), notando que devem ser feitas parcerias com grandes empresas estrangeiras para se colmatar o gap de produtividade que existe no tecido empresarial português.
“Vamos ter uma redução das taxas de juro e essa redução vai trazer maior dinamização ao mercado de M&A”, afirma o vice-presidente do BCP num painel no âmbito da conferência sobre o papel do M&A na competitividade da economia portuguesa, organizada esta terça-feira pelo Jornal Económico, em Lisboa.
Nesse sentido, as “perspetivas [para o mercado de M&A] são positivas”, salienta, nomeadamente para o sector energético onde vê várias oportunidades. “Há muitas empresas que têm interesse em fazer a rotação do seu portefólio de ativos” e “tem vindo a acontecer muito isso no sector energético”, que tem ativos em desenvolvimento e em exploração. “Há muita procura”, diz.
Também o sector da saúde será alvo de operações de concentração, projeta, prevendo também operações de grupos económicos portugueses que querem diversificar-se, nomeadamente para responder ao desafio do ESG. “A transição climática vai obrigar a essa necessidade de M&A, de investir”, com empresas que não têm dimensão suficiente em Portugal a terem de consolidar para dar esses passos.
Parceria com empresas estrangeiras é uma oportunidade
“As empresas têm feito progressos”, mas há um “gap de produtividade muito grande e temos de o colmatar com um choque de investimento”, refere ainda.
Nesse sentido, o vice-presidente do BCP considera que “não temos de ter medo de promover parcerias com grandes empresas estrangeiras”, pois além do capital também trazem “tecnologia e expertise que não temos em Portugal”, notando que é importante haver igualmente um sistema de incentivos, seja fiscal ou financeiro.
Nestes processos de fusão, que “aumentam as oportunidades de negócio” das empresas, a banca desempenha um papel importante pela relação de proximidade que mantém com os clientes.
“Quando há uma transação entre dois agentes, a intervenção de um banco tem um valor que é o conhecimento que tem das contrapartes”, refere João Nuno Palma, notando que a banca só “é relevante se conhecermos o negócio das empresas em detalhe”.
“No BCP temos a preocupação de querer conhecer o negócio em detalhe, de sermos relevantes e estabelecer uma relação de longo prazo com as empresas”, afirma, apontando ainda para o mercado de capitais como outra fonte de financiamento para as empresas.
“A banca não quer ser um mono financiador da economia”, diz, considerando que o “financiamento não chega para validar o projeto no sentido de atrair capital estrangeiro”. Por isso, “o mercado de capitais é importante e está a ser feito esse trabalho de validação externa dos projetos”.
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