O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse esta segunda-feira que o líder da maioria democrata no Senado dos Estados Unidos, Chuck Schumer, é um “amigo de Israel”, mas chamou as suas declarações recentes sobre o primeiro-ministro israelita – segundo as quais Netanyahu está “a perder o rumo” – “inaceitáveis”. E lembrou que Washington aprovou os planos de Israel de invadir a cidade de Rafah, no sul de Gaza.
As declarações de Schumer sublinharam um divórcio crescente entre Israel e o seu aliado mais próximo e mereceram o apoio de Joe Biden – apesar de os republicanos dos EUA se terem manifestado contra o seu teor. E esse parece ser o que de facto está por trás da questão: o tema ‘Israel’ está cada vez mais presente na agenda política norte-americana, marcada pela campanha para as primárias e de facto já em plena pré-campanha para as presidenciais.
Ora, sendo a questão israelita muito sensível nos Estados Unidos – com o lobbying hebraico a ser dos mais poderosos no país – democratas e republicanos estão a usar o assunto para vincarem bem as suas diferenças e tentarem ganhar a dianteira. Com o republicano Donald Trump, à frente em todas as sondagens para as presidenciais, a proferir declarações erráticas sobre a questão israelita – o seu adversário e atual presidente tenta marcar a diferença, aproximando-se dos que, entre os democratas, são mais críticos das ações do gabinete de crise liderado por Netanyahu. O problema é o histórico das relações entre Biden e Netanyahu coloca o presidente norte-americano entre os que sempre estiveram ao lado de Israel, quaisquer que fossem as suas ações.
É este contexto que faz com que alguns analistas digam que Biden está a fazer ‘fitas’ e que na prática continua a apoiar qualquer solução militar – entre elas o ataque à região de Rafah, onde o mais provável é que o mundo assista a um banho de sangue.
Os comentários foram denunciados pelo premiê, ministros da coalizão e republicanos, mas elogiados pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e legisladores democratas.
Recorde-se que Chuck Schumer aponto Netanyahu como um dos obstáculos à paz, sendo os outros a extrema-direita israelita, o Hamas e o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas. O senador considera que está chegada a hora de haver eleições antecipadas em Israel.
Quem voltou a proferir fortes críticas a Israel foi o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, que disse numa reunião de ministros das Relações Exteriores dos 27 que “a fome está a ser usada como arma de guerra. Israel está a provocar fome”. Borrell já o tinha afirmado ao Conselho de Segurança da ONU na semana passada – mas o facto do chefe da diplomacia da União ter voltado a ser uma das vozes mais críticas face ao governo de Israel mostra que os 27 continuam divididos perante a guerra na Palestina.
A presidente da Comissão, a alemã Ursula von der Leyen, tem usado um tipo de discurso muito mais suave em relação a Benjamin Netanyahu, e tudo leva a crer que tentou refrear os ímpetos do espanhol Josep Borrel. O que, aliás, conseguiu: depois de um primeiro período de fortes críticas a Israel, o chefe da diplomacia dos 27 remeteu-se a posições muito mais discretas. Mas agora, aparentemente, decidiu regressar.
Também esta segunda-feira, o chefe da UNRWA, a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, disse que a fome na Faixa de Gaza era “causada pelo homem” e pode afetar cerca de 70% das famílias no norte da Faixa de Gaza até maio. Em toda a Faixa, o número de pessoas que enfrentam “fome catastrófica” aumentou para 1,1 milhão, ou cerca de metade da população, de acordo com um relatório da ONU.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Al-Safadi, falou sobre a questão da fome, salientando que “matar crianças de fome e fazer mais de dois milhões de palestinianos reféns” é um método inaceitável da parte de Israel.
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