Em Portugal, a ideia de que o outsourcing era um mero instrumento de suporte às atividades secundárias da cadeia de valor das empresas tem vindo a perder fulgor. A conjuntura económica do país, a qualificação do capital humano nacional e a aposta na transformação digital em diversas áreas da sociedade têm contribuído, em simultâneo, para a consolidação da externalização de serviços enquanto um fator de diferenciação das empresas contratantes.
Esta é a visão do vice-presidente da Accenture Portugal, Nuno Pignatelli, a quem seus “clientes procuram parceiros diferenciadores, que lhes tragam inovação, que os ajudem a transformar as suas operações e que se comprometam com os resultados de negócio”.
Os players de outsourcing deixaram de ser encarados como “empresas de bodyshopping”, isto é, empresas “cujo negócio se resumia à venda de recursos a preços competitivos”, explicou Pignatelli.
Aliás, o setor é um cruzamento entre a tecnologia e as pessoas. Enquanto o outsourcing é “cada vez mais um negócio de automação, robotização e inteligência artificial, o papel das pessoas está a evoluir para funções de gestão, otimização e inovação”, revelou o vice-presidente da Accenture.
A estratégia digital by default, transversal à sociedade portuguesa, desde o poder político até ao setor privado, não é alheia ao outsourcing. No entanto, apesar de não haverem “recursos suficentes com os skills necessários para acompanhar esta evolução tecnológica”, Pignatelli vê na digitalização do outsourcing uma alavancarpara a criação de emprego em Portugal. “Portugal [tem de ser] proativo e inovador na requalifiação dos recursos humanos e poderá vir a estar numa posição única de passar para vanaguarda da transformação digital na União Europeia”, revelou.
As infraestruturas, no entender do vice-presidente da Accenture, já existem, sendo apenas uma questão de as potenciar. “Temos das melhores universidades do mundo, um conhecimento enorme em idiomas. Eventos como o Web Summit e a criação da Startup Lisboa vieram colocar Portugal no mapa da comunidade tecnológica”.
Além disso, “esta realidade faz com que um grande número de empresas ligadas à tecnologia e inovação estejam interessadas em Portugal para sedear os seus centros de inovação e tecnologia”, sustentou Pignatelli.
O outsourcing tem evoluido enquanto suporte de transformação digital às empresas, incluindo as PME portuguesas. Segundo Pignatelli, estas “já estão a fazer um esforço significativo para se modernizarem e para adoptar estratégias que levam à automação de processos gannhando assim mais vantagens competitivas”. No entanto, também confessou que ainda há coisas a fazer, sendo “necessárias mais medidas de apoio e incentivos ao investimento que levem estas empresas a confiar e abraçar as oportunidades de transformação digital”.
A concorrência intensa nos pólos urbanos leva a deslocalização para de recursos especializados para a prestação de serviços de outsourcin. “Cada vez mais se vêem empresas a deslocarem-se para o interior do país, [para] cidades como Braga, Évora, Viseu ou Covilhã, que são grandes dinamizadoras de serviços em outsourcing”, disse Pignatelli.
O outsourcing constitui assim oportunidades diversas para o mercado nacional.
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