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Maioria dos portugueses tem dúvidas sobre funcionamento das instituições da UE e um terço não pretende votar nas europeias

A inflação e o custo de vida são os aspetos da ação da União Europeia que merecem mais críticas por parte dos portugueses. Ainda assim, dos quatro países que responderam ao inquérito da Euroconsumers, Portugal é o que avalia de forma mais positiva a atuação da UE.
9 Maio 2024, 07h30

A maioria dos portugueses admite ter dúvidas sobre o funcionamento das instituições da União Europeia (UE), revela a Euroconsumers, entidade europeia de defesa de consumidores da qual faz parte a DECO PROteste, que realizou um inquérito a 1.003 portugueses entre 18 e 21 de março sobre as instituições europeias. O inquérito foi realizado no âmbito das eleições europeias, que vão decorrer dentro de um mês, no dia 9 de junho, e as perguntas foram colocadas em quatro países: Portugal, Espanha, Itália e Bélgica.

Questionados sobre a função e o funcionamento das instituições da União Europeia, apenas 24% mostraram estar bem informados. 19% revelaram mesmo um desconhecimento generalizado sobre a UE. As dúvidas mais marcantes são o modo como o número de deputados do Parlamento Europeu é determinado e como são eleitos, a rotatividade entre os países na presidência do Conselho Europeu e a forma como são aprovadas as diretivas.

Sobre essas importantes eleições para eleger o novo Parlamento Europeu, o estudo indica que um terço dos portugueses inquiridos não pretendem votar, justificando essa intenção com a ausência de informação disponível. Convém salientar que quando o inquérito foi realizado, 56% dos portugueses sentia-se mal informada sobre os programas eleitorais dos grupos políticos com assento no Parlamento Europeu. Quanto aos inquiridos que vão votar, a decisão sobre o partido a votar baseia-se na informação dos programas eleitorais (41%) ou seguindo a sua cor política a nível nacional.

Entre os quatro países onde foi realizado este inquérito, Portugal é o que avalia mais positivamente a atuação da União Europeia nos últimos cinco anos, com uma média de 39% face aos 26% na média dos quatros países. A gestão da pandemia de covid-19 é um dos aspetos que merece mais elogios por parte dos portugueses, com 68% a considerar que foi positiva.

Quanto aos aspetos que merecem mais críticas por parte dos portugueses, a inflação e o custo de vida lideram as respostas (73%, comparativamente a uma média de 65% dos quatro países). A imigração (52%), a guerra Israel/Palestina (45%) e a guerra na Ucrânia (36%) são outras das maiores preocupações em Portugal. Como maiores preocupações futuras dos inquiridos portugueses, destaque mais uma vez para a inflação e o aumento do custo de vida (71%), mas também deve ser realçado o receio de uma nova guerra mundial (56%) e as alterações climáticas (49%).

Ações e prioridades da UE

Questionados sobre as ações que a União Europeia tem tomado, os portugueses enfatizam temas como a exigência que tem feito às redes sociais para a proteção dos menores (80%), assim como medidas de cibersegurança mais restritivas que protegem os aparelhos conectados à internet (76%).

Já sobre as prioridades que acham que deve ter nos próximos cinco anos em temas como o consumo, os cidadãos portugueses consideram que deve ser atribuída alta prioridade a garantir que os medicamentos estejam disponíveis e a preços acessíveis (76%), assegurar que os seus atuais direitos sejam respeitados (73%), prevenir a disseminação de informação falsa através de inteligência artificial (73%) e combater as fraudes financeiras em linha (73%).

O inquérito da Euroconsumers revela ainda que 83% dos portugueses concordam que a União Europeia deve ter sempre em conta o impacto das suas medidas nas gerações futuras.

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