A batalha de preços entre as marcas europeias e chinesas de carros elétricos vai ser “muito dura”. O aviso foi feito por Carlos Tavares, CEO do grupo automóvel Stellantis.
O responsável considera que a imposição de tarifas são uma “grande armadilha” para que as impor, não evitando que os produtores europeus e norte-americanos tenham de fazer reestruturações do seu negócio para conseguirem competir com os preços mais baixos dos produtores chineses.
A Comissão Europeia prepara-se para anunciar uma decisão inicial sobre potenciais tarifas sobre carros elétricos chineses a 5 de junho. Já os Estados Unidos preparam-se para impor tarifas de 100% sobre estes automóveis. E Pequim já prometeu retaliar contra os EUA.
“Não estamos a falar de um período darwiniano, já o estamos a viver”, disse, referindo-se à evolução natural das espécies, onde só os mais fortes sobrevivem, segundo a teoria do biólogo britânico do séc. XIX Charles Darwin.
“Quando a luta contra a concorrência absorve 30% dos custos, isto favorece os chineses, e há consequências sociais. Mas os governos, os governos da Europa não querem enfrentar esta realidade agora. Se deixarem a fatia de carros elétricos chineses crescer, então é óbvio que vai haver excesso de oferta, a não ser que se lute contra essa concorrência”, afirmou hoje numa conferência em Munique, Alemanha, citado pela “Reuters”.
O responsável adiantou que a empresa tem estado em conversações “muito proveitosas” com os sindicatos nas suas fábricas europeias: “concordam connosco a maior parte do tempo em termos do risco que enfrentamos e como devemos enfrentar isto”.
As marcas chinesas estão a caminho para vender 1,5 milhões de veículos na Europa, o equivalente a 10% do mercado ou a a produção de 10 fábricas, sinalizou.
China exige aos EUA que retire “imediatamente” tarifas sobre carros elétricos
Ano de eleições nos EUA, os candidatos viram baterias contra a China. O candidato democrata Joe Biden, antecipando-se ao republicano Donald Trump e prevendo que este venha a ser um tema na campanha, decidiu impor tarifas alfandegárias aos produtos chineses.
Esta decisão poderá vir a ter consequências para os interesses norte-americanos na China dada a dependência de ambas as economias.
Pequim exige aos EUA que retire “imediatamente” as tarifas impostas pela Casa Branca aos carros elétricos chineses. O Governo chinês considera que Washington “politiza e instrumentaliza questões económicas e comerciais” o que “constitui uma manipulação”.
Acusando os EUA de violarem as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC), Pequim avisou que a medida “afetará gravemente” as relações entre os dois países, segundo um comunicado do ministério do Comércio chinês, citado pela agência espanhola “Efe”.
O ministério expressou a sua “enérgica insatisfação”: “em vez de corrigir os seus erros, os Estados Unidos estão empenhados em voltar a comete-los”.
Desta forma, exigiu que os EUA “retifiquem imediatamente” a decisão e “anulem as medidas alfandegárias impostas”.
Em 2023, os EUA compraram 427 mil milhões em bens à China e venderam 148 mil milhões a Pequim. O défice para os EUA na balança comercial entre os dois países persiste há décadas.
As novas medidas vão ter um impacto de 18 mil milhões de dólares nos produtos chineses, incluindo: aço e alumínio, semicondutores, veículos elétricos, minerais críticos, painéis solares e gruas. No entanto, a questão do carro elétrico chinês parece meramente propagandística, pois os EUA importa poucos destes veículos da China.
O presidente norte-americano anunciou na semana passada o aumento das tarifas alfandegárias a vários produtos chineses, mantendo as tarifas já decididas anteriormente por Donald Trump.
“Os trabalhadores americanos conseguem superar qualquer um desde que a concorrência seja justa, mas já não é justa há muito. Não vamos deixar a China inundar o nosso mercado”, disse Joe Biden na terça-feira num discurso em Washington, citado pela “Reuters”.
Os carros elétricos sofrem um aumento de 25% para 100% nas tarifas, com o custo total alfandegário a atingir 102,5%. As baterias de iões de lítio sobem de 7,5% para 25%. As células fotovoltaicas para os painéis solares sobre de 25% para 50%. Vários minerais críticos sobem de zero para 25%.
As gruas aumentam de zero para 25%, seringas e agulhas de zero para 50% e equipamento médico de proteção sobe de zero para 25%. O equipamento médico produzido na China foi crucial durante a pandemia da Covid-19 nos EUA. Em 2025 e 2026 arrancam mais aumentos sobre os semicondutores e outros produtos. As tarifas sobre aço e alumínio arrancam este ano.