És empreendedor e queres montar o teu negócio? Toma lá um colete de forças de regulações, licenças, leis laborais e fiscais que apenas as multinacionais podem cumprir. És trabalhador e queres ganhar acima da média?

Toma lá escalões de IRS e Segurança Social para te nivelar por baixo e garantir a tua mediania. Escolhemos o liberalismo errado. O que temos em liberdades sexuais, cada vez mais nos falta em autonomia de vida, oportunidades para sobressair e propriedade efetiva.

A inflação (não preços, inflação mesmo) e o custo de vida impõem às novas gerações a necessidade de ganhar balúrdios apenas para poderem desfrutar de habitação própria, sem terem de a dividir. Não admira, portanto, que os jovens prefiram viver dos pais e dos avós, enquanto aderem à grande demissão. Não estão para trabalhar e fazem muito bem.

Como resolver o problema? Por mais que as consultoras, fundações e think-tanks puxem pela cabeça, à procura de soluções criativas, nada poderemos fazer enquanto não voltarmos ao óbvio. Há dias reencontrei, no YouTube, a famosa série de Milton Friedman, de 1980: “Free to Choose“. Ao longo de dez episódios, o vencedor do Prémio Nobel de 1976 explica-nos de forma didática o que a maioria dos economistas já se esqueceu:

. A qualidade de vida e autonomia da classe média, sem a qual não há efetiva liberdade pessoal e social, é fruto da prosperidade, a qual, por sua vez, é fruto da liberdade de mercado.

. Os preços não se obtêm por decreto.

. A intervenção do Estado somente protege as grandes empresas, já estabelecidas, e corrompe não só a economia, mas a classe política, sujeitando-a aos lóbis.

. O planeamento governamental e o controlo obcecado da atividade económica deturpam a inovação e minguam a escolha do consumidor.

. Os selos de “aprovado”, “autorizado” e afins, passados por entidades reguladoras, tendem a substituir os adjetivos “bom”, “excelente” ou “preferido”, que só o consumidor pode avaliar.

. As grandes crises não demonstram o fracasso do capitalismo, mas o fracasso da excessiva intervenção estatal e do Big Government, hoje ao serviço das Big Tech, Big Pharma, Big Media, Big Tudo e Mais Alguma Coisa.

. O Estado Social é imoral e ineficiente à partida porque tenta fazer o bem com o dinheiro dos outros. Os fins não justificam os meios e ninguém gere o dinheiro dos outros com a mesma eficiência com que gere o seu.

. A igualdade de oportunidades e o direito de beneficiar pessoalmente dos ganhos obtidos são pilares da verdadeira liberdade. Já a igualdade de resultados exige a implementação da tirania.

Enfim, de vez em quando, faz-nos bem recordar o óbvio.