As ações da filial de veículos elétricos da construtura chinesa Evergrande chegaram a cair 26,7% em Hong Kong, após esta alertar para o possível confisco de ativos por parte das autoridades devido a dívidas.
Num comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong na quarta-feira à noite, a Evergrande NEV admitiu que as autoridades da China exigiram, por escrito, o pagamento de cerca de 1,9 mil milhões de yuan (244 milhões de euros) no prazo de 15 dias, embora a empresa garanta que irá recorrer da decisão.
A 22 de maio, a Evergrande NEV já tinha revelado que as autoridades chinesas exigiam a devolução deste valor, correspondente a subsídios, depois de não ter conseguido iniciar a prometida produção em massa dos seus veículos elétricos.
No final de 2023, a empresa tinha fabricado 1.700 unidades do seu primeiro veículo, o Hengchi 5, e entregue quase 1.400.
Caso o recurso seja rejeitado, “o grupo ficaria exposto ao risco de ‘recuperação obrigatória’ de terrenos, edifícios e maquinaria que seriam utilizados para o reembolso de incentivos e subsídios”, o que teria um impacto significativo na situação financeira e operações da empresa.
No final de maio, os administradores judiciais do grupo Evergrande alegaram ter encontrado um possível comprador para adquirir até 58,5% da filial de veículos elétricos.
A Evergrande NEV foi forçada a interromper a produção na sua fábrica em Tianjin, no norte da China, devido a uma “grave escassez de fundos”.
A empresa registou em 2023 prejuízos líquidos de 11,9 mil milhões de yuan (1,53 mil milhões de euros), um valor elevado que, no entanto, foi 57% inferior ao do ano anterior.
Já em 2021 a Evergrande NEV tinha cancelado planos para uma segunda listagem, na bolsa de Xangai, por falta de liquidez para manter todas as operações.
Antes de ter sido detido e colocado em prisão domiciliária por “suspeitas de atividades ilegais”, no ano passado, o fundador do grupo, Xu Jiayin, tinha apontado a filial de veículos elétricos como a grande esperança para salvar o conglomerado.
A Evergrande NEV deu a si própria “três a cinco anos”, quando foi fundada em 2019, para se tornar o fabricante “mais poderoso” de carros elétricos do mundo.
A sobrevivência da marca está agora em jogo, enfraquecida pelos problemas da empresa-mãe e pelas fracas vendas.
A justiça de Hong Kong ordenou no final de janeiro a liquidação da Evergrande a favor dos credores estrangeiros, uma decisão que poderá não ser reconhecida na China continental, onde se encontra a maior parte dos ativos do grupo.
A Evergrande, com um passivo de cerca de 330 mil milhões de dólares (307 mil milhões de euros), entrou em incumprimento há mais de dois anos, depois de sofrer uma crise de liquidez devido às restrições impostas por Pequim ao financiamento de promotores imobiliários com elevado nível de dívida.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com