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Fortunas dos milionários aumentaram 3,8 biliões de dólares impulsionadas pelo dinamismo dos mercados

As fortunas registaram um aumento de 4,7% em 2023, atingindo os 86,8 biliões de dólares, revela World Wealth Report 2024 da Capgemini
IRS dinheiro
13 Junho 2024, 13h22

O World Wealth Report 2024 do Research Institute da Capgemini, foi publicado e revela que o número de particulares detentores de elevados patrimónios líquidos/milionários (HNWI) alcançou recordes de crescimento sem precedentes em 2023, graças aos sinais de recuperação económica que se fizeram sentir em todo o mundo. As fortunas registaram um aumento de 4,7% em 2023, atingindo os 86,8 biliões de dólares.

Os High Net-Worth Individual (HNWI) são as pessoas com ativos acima de um milhão de dólares, excluindo a casa principal de habitação, bens colecionáveis, consumíveis e bens de consumo duráveis. Dividem-se em categorias, há os de património líquido ultraelevado UHMWI (30 milhões de dólares ou mais), os “mid-tier millionnaires” (que têm entre 5 milhões de dólares e 30 milhões de dólares) e os “Millionaires Next Door” que têm entre um milhão e 5 milhões de dólares.

Da mesma forma, segundo o relatório, a população dos HNWI aumentou 5,1% para os 22,8 milhões de pessoas em todo o mundo, e continua a crescer apesar da volatilidade dos mercados.

O ano de 2023 superou o movimento de declínio que caracterizou o ano anterior, e as fortunas e os HNWIs regressaram a uma rota de crescimento.

O World Wealth Report 2024 da Capgemini abarca 71 países responsáveis por mais de 98% do rendimento nacional bruto e por 98% da capitalização bolsista a nível mundial.

Para a edição de 2024 do estudo Global HNW Insights Survey da Capgemini, foram inquiridos mais de 3.119 HNWIs, entre os quais mais de 1.300 UHNWIs, em 26 grandes mercados nas regiões da América do Norte, América Latina, Europa, Médio Oriente, e Ásia-Pacífico.

O Wealth Management Executive Survey 2024 também conta com mais de 75 respostas de empresas de Wealth Management puras, de bancos universais, de corretoras/dealers independentes e de empresas familiares em 12 mercados.

O Relationship Manager Survey 2024 reúne mais de 750 respostas de dez mercados.

Principais tendências em todo o mundo

Em 2023, a América do Norte registou o maior aumento das grandes fortunas e do número de milionários em todo o mundo, com um crescimento anual de 7,2% em riqueza e de 7,1% em número de pessoas.

Segundo a Capgemini este dinamismo está diretamente relacionado com a forte resiliência económica, o alívio das pressões inflacionistas e a forte recuperação do mercado acionista nos EUA registados ao longo do último ano.

Esta tendência ascendente, ainda que de forma mais moderada, verificou-se igualmente na maioria dos restantes mercados/regiões, tanto em volume de riqueza como em número de pessoas.

O crescimento da riqueza e do número de HNWIs na Ásia-Pacífico  foi de 4,2% e 4,8% respetivamente e na Europa foi de 3,9% e 4,0% respetivamente, sendo por isso mais modesto.

Por sua vez a América Latina e o Médio Oriente registaram um crescimento mais incipiente, com o volume das fortunas a aumentar apenas 2,3% e 2,9% respetivamente, e o número de HNWIs a crescer 2,7% e 2,1% respetivamente.

A África foi a única região onde o volume da riqueza dos HNWIs (-1,0%) e o seu número (-0,1%) diminuíram devido à queda dos preços das matérias-primas e ao menor fluxo de investimentos estrangeiros.

A Capgemini diz que “em linha com o número crescente de HNWIs, a composição dos ativos nas carteiras de investimentos está a evolução das fortunas para os chamados ativos de crescimento”.

Dados para 2024

Os primeiros dados de 2024 sugerem a normalização da tendência de afetação de ativos em dinheiro e equivalentes (depósitos, fundos monetários, etc.) agora ajustada a uma fatia de 25% do total do portfolio dos investimentos, contrastando claramente com os 34% observados em janeiro de 2023.

O estudo revela também que dois em cada três HNWIs revelaram planear investir mais em private equities em 2024 como forma de aproveitarem potenciais oportunidades de crescimento no futuro.

Os ultra-ricos/multimilionários (UHNWIs) detêm agora mais de 34% do volume total das fortunas dos HNWIs ainda que representem pouco mais de 1% do total da população mundial dos HNWIs, constituindo o segmento mais lucrativo para os gestores de fortunas.

O estudo conclui ainda que a transferência de fortunas entre gerações exige novos serviços de valor acrescentado.

O relatório refere que se estima que, nas próximas duas décadas, as gerações mais velhas venham a transferir para as mais jovens mais de 80 biliões de dólares. Um fenómeno que irá impulsionar a procura de serviços de valor acrescentado tanto financeiros (gestão de investimentos e planeamento fiscal), como não financeiros (filantropia, serviços de aconselhamento, passion investments – incluindo apoio a investimentos em luxo, imóveis, vinho, colecionáveis e arte que provavelmente afetarão as escolhas de vida – e oportunidades de networking).

“Esta será uma oportunidade significativa de crescimento para as empresas dedicadas à gestão de patrimónios”, constata o World Wealth Report que revela também que 78% dos UHNWIs consideram estes serviços de valor acrescentado essenciais no momento de escolherem a empresa de gestão do seu património ou qual o seu banco privado, e que mais de 77% confiam nas suas empresas de gestão de património para os apoiarem nas transferências da riqueza entre gerações.

Embora os HNWIs desejem ser bem-aconselhados, 65 % revelaram-se preocupados com a falta de aconselhamento personalizado e devidamente adaptado à evolução das suas respetivas situações financeiras.

“Os clientes exigem mais dos seus gestores de fortunas e os desafios nunca foram tão grandes. Há medidas que as empresas podem tomar para engajar e reter melhor os clientes, oferecendo-lhes uma experiência omnichannel personalizada à medida que a transferência de riqueza entre gerações ocorre e o crescimento dos HNWIs continua”, refere citado no comunicado Nilesh Vaidya, Global Industry Head of Retail Banking and Wealth Management da Capgemini,

Nilesh Vaidya explica que “embora a forma tradicional de identificar e conhecer os clientes seja ubíqua, a utilização de ferramentas baseadas no comportamento financeiro dos clientes que sejam alimentadas por IA, recorrendo a dados psicográficos, deve ser considerada”.

“Estas ferramentas podem fornecer uma vantagem competitiva ao permitirem compreender melhor a tomada de decisão dos indivíduos, e assim proporcionar um maior grau de intimidade com o cliente. Criar canais de comunicação em tempo real será crucial para gerir os potenciais enviesamentos emocionais que possam ser desencadeados por movimentos repentinos e inesperados do mercado”, conclui .

Maioria dos milionários quer apoio para gerir os enviesamentos emocionais (casamento, divórcio, etc)

Mais de 65% dos HNWIs revelaram que os enviesamentos emocionais influenciam as suas decisões de investimento, especialmente em certas fases das suas vidas, tais como o casamento, o divórcio e a reforma e 79% quer que os seus gestores de património os ajudem a gerir estes enviesamentos.

A Capgemini destaca que ao integrarem o comportamento financeiro com a inteligência artificial e usarem estas ferramentas, as empresas de gestão de património passam a poder analisar as reações dos clientes às flutuações do mercado e a sugerir a tomada de decisões baseadas em dados e menos suscetíveis de serem influenciadas por enviesamentos emocionais ou cognitivos.

O estudo sublinha também, que os sistemas baseados em IA podem analisar dados e detetar padrões difíceis de identificar à primeira vista, permitindo que os gestores de património tomem medidas proativas para aconselharem melhor os seus clientes.

Empresas de gestão de fortunas ganham relevo

Segundo o World Wealth Report, os UHNWIs aumentaram o número de relações com as empresas de gestão de fortunas de três em 2020, para sete em 2023. “Esta tendência sugere que o setor está com dificuldades para disponibilizar o leque e o nível de qualidade dos serviços que este segmento espera e procura”, defende a Capgemini.

Por outro lado, os single-family offices, que prestam serviços apenas a uma só família, cresceram 200% na última década.

“Para responderem melhor à procura e exigências dos segmentos HNWI e UHNWI, as empresas de gestão de fortunas devem agora encontrar o equilíbrio entre a concorrência e a colaboração com os family offices”, defende a Capgemini que avança que um em cada dois UHNWIs (52%) quer criar um family office e quer ser orientado pela sua principal instituição de gestão de património neste processo.

 

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