[weglot_switcher]

Transparência salarial: 40% das empresas portuguesas desconhece diretiva europeia

O diploma entrou em vigor em junho de 2023 e terá de ser transposto pelos Estados-membros até 2026. Estudo conclui que cinco em cada 10 empresas têm de fazer mudanças moderadas ou até mesmo significativas às políticas de compensação para cumprir os requisitos mínimos.
26 Junho 2024, 07h30

A diretiva europeia sobre transparência salarial entrou em vigor em junho de 2023 e terá de ser transposta pelos Estados-membros para a legislação nacional até 2026, mas é um tema ainda pouco claro para um número muito significativo de empresas em Portugal. Assim, 59% das organizações diz estar a trabalhar ativamente o tema da transparência salarial, mas 40% admite que ainda não conhece bem a diretiva e as suas implicações. A conclusão é do estudo ‘Readiness Assessment – Transparência Salarial’, desenvolvido pela Mercer Portugal, que retrata o panorama e o progresso das empresas no âmbito da equidade e transparência salarial e o nível de preparação para esta diretiva europeia, e que contou com a participação de120 empresas de diferentes sectores.

O estudo “visa compreender o caminho que as empresas estão a percorrer no sentido de garantir que fatores como o género não determinam a remuneração dos colaboradores, avaliando também a posição das organizações face à diretiva da UE 2023/970 do Parlamento Europeu e do Conselho, que pretende reforçar a transparência remuneratória e os mecanismos que garantam a sua aplicação, refere a Mercer em comunicado.

A diretiva contempla um conjunto de normas relativas a transparência salarial: transparência salarial para os candidatos; transparência salarial e de progressão na carreira; direito dos colaboradores a solicitar informações e a obrigação de explicar as diferenças salariais entre géneros superiores a 5% e de tomar medidas em conformidade.

Quando questionadas neste estudo, “59% das organizações dizem estar a trabalhar a transparência salarial, tema que é considerada uma prioridade alta ou média para 90% das organizações, enquanto apenas 10% a veem como um tópico de baixa prioridade a ser abordado nos próximos anos. Entre as razões mais frequentemente indicadas para as empresas trabalharem a transparência salarial, destacam-se a integração do tema na estratégia de equidade salarial (73%) e o facto de o tópico fazer parte do modelo de valores da organização (51%)”.

Outra das conclusões centrais do estudo revela que “40% das empresas inquiridas afirmam ainda não conhecer suficientemente a nova diretiva e as suas implicações. As organizações reconhecem enfrentar desafios significativos, apontando como mais proeminentes estarem ainda a perceber o que fazer em matéria de transparência salarial (43%), a criação de uma estrutura de classificação que permita a identificação de postos de trabalho comparáveis (41%) e o desenvolvimento de análises de equidade salarial (38%)”.

Atualmente, entre as participantes no estudo, “apenas 33% das empresas partilha com os colaboradores a banda salarial para a sua função e apenas 10% partilha informação sobre a compensação prevista para a função. Adicionalmente, sempre que existe algum tipo de informação partilhada, a mesma é partilhada apenas internamente (61%), sendo que apenas uma minoria de empresas partilha nesta fase algum tipo de informação externamente (cerca de 20%)”.

Cinco em cada 10 empresas admitiram ter de fazer mudanças moderadas ou até mesmo significativas às políticas de compensação para cumprir os requisitos mínimos da diretiva europeia. Apesar de apenas 5% das organizações confirmarem a necessidade de reestruturar completamente as políticas de compensação, 13% demonstraram não saber estimar o respetivo impacto.

Quando questionadas sobre a frequência com que avaliam o nível de equidade salarial, “35% das empresas afirmam fazê-lo anualmente e 45% de tempos em tempos, com a maioria das organizações (70%) a desenvolver este processo através de recursos internos, sendo que apenas 26% subcontratam uma entidade externa para o efeito. Cerca de 5% das empresas revelam não estar ainda a avaliar este fator”.

Relativamente à divulgação de dados sobre a equidade salarial além dos requisitos legais, “18% das organizações pretendem divulgar o respetivo gender pay gap e 11% tencionam partilhar estatísticas ao nível de cada cargo. No entanto, cinco em cada 10 organizações afirmam não publicar quaisquer estatísticas sobre o tema, não planeando fazê-lo nos próximos 12 meses”.

Participaram 120 empresas dos sectores aeroespacial e defesa; alimentação e bebidas; automóvel; banca e serviços financeiros; bens de consumo; ciências médicas; energia; hi-tech / tecnologia; logística; retalho e venda por atacado; seguros / resseguros; serviços (não-financeiros); e serviços de saúde, entre outros. A informação foi recolhida entre abril e maio de 2024.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.