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Pedro Boucherie Mendes: “A existência de um quinto canal depende da vontade de quem o quiser pagar”

A TV tradicional vive uma fase desafiante, enquanto a publicidade foge para as redes sociais e plataformas como Netflix colocam questões de evolução e sustentabilidade. “Ainda Bem Que Ficou Desse Lado” procura ajudar o espetador a compreender melhor este meio.
22 Dezembro 2018, 17h30

Pedro Boucherie Mendes, diretor da SIC Radical há mais de dez anos, cargo que acumula atualmente com o de diretor de Planeamento Estratégico na SIC, lançou em meados de dezembro o livro “Ainda Bem Que Ficou Desse lado”. O homem que quer explicar como podemos ser melhores espetadores de televisão falou ao Jornal Económico, numa conversa que pendeu para o estado da TV nacional.

Pegando no subtítulo do livro: Como ser um melhor espetador de televisão na era das séries, da Netflix e da escolha infinita?
Entendendo mais sobre o assunto. Eu tento no livro compreender melhor o meio da televisão e aceitar algumas dessas coisas, como fazendo parte da indústria. Acredito que alguma da irritação que há no meio se possa atenuar ou acalmar, como uma espécie de pomada, para que as pessoas possam fruir melhor e compreender melhor aquilo que vêem. Por exemplo, partilho uma opinião minha de que uma série será boa quando nós gostamos de todos os personagens, ou uma série será tanto melhor quanto mais nós gostarmos de todas as personagens.

O que há, ainda, por desmistificar na televisão?
De uma forma geral, as pessoas têm uma relação antagónica com a televisão. A televisão parece que está no lado negativo da vida, aquele lado que nenhum de nós se orgulha propriamente. Esse foi o ponto de partida para começar a pensar televisão e a pensar a relação do espetador com a televisão, porque existe a televisão, existe o espetador e existe a relação entre ambos. Por exemplo, as pessoas dizem ‘este vinho é bom’ mesmo que não percebam nada de vinhos. Mas de televisão já percebem – ‘aquele programa que vocês têm é uma porcaria por isto, isto e isto’. Nós oferecemos livros de vinhos aos nossos sogros, padrinhos, pais e irmãos, mas não há livros de televisão para oferecer. E também, provavelmente, não ofereceríamos. E é um pouco isso. As pessoas olham para a televisão e acham que percebem, mas quando provam o vinho dizem que não percebem. Então qual será a diferença de relação que existe entre uma coisa e outra? Em algumas coisas nós admitimos a nossa ignorância e noutras achamos que somos especialistas.

 

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