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Kamala Harris mantém silêncio sobre a sua estratégia para as presidenciais

O mundo estava atento ao que a nova candidata democrata iria dizer. Mas limitou-se a elogiar Joe Biden e o espirito combativo dos desportistas. Entretanto, os republicanos preparam uma verdadeira barragem contra ‘Cackling’ Kamala.
Kamala Harris
23 Julho 2024, 07h30

Não era com certeza por acaso – e também não era por causa do evento em si – que dezenas de estações televisivas de todo o mundo trataram de passar em direto a primeira aparição pública de Kamala Harris enquanto candidata democrata às presidenciais norte-americanas de novembro, Mas as expectativas não foram atingidas: depois de elogiar o ainda presidente Joe Biden – como um íntegro apaixonado pelos Estados Unidos – Kamala Harris, que já antes tinha dito que estaria presente como candidata democrata às eleições de novembro, nada disse sobre o assunto.

E depois de, numa receção na Casa Branca a atletas norte-americanos que estarão presentes nos jogos olímpicos de Paris, elogiar o espírito de perseverança e de trabalho em equipa que o desporto patrocina, retirou-se para os bastidores, deixando uma sensação de tempo perdido entre os analistas.

A menos de quatro meses das eleições, era de esperar que Kamala Harris usasse todos os tempos de antena para passar a sua mensagem – depois de meses de campanha mais ou menos perdidos em torno de Joe Biden. Mas a nova candidata democrata surpreendeu pelo silêncio, apesar de ter boas notícias para a sua causa: desde que Joe Biden se retirou (na altura haviam passado menos de 24 horas) que as doações ao partido entraram em ebulição e apenas naquele pequeno período de tempo angariou cerca de 49 milhões de dólares.

Este apuro demonstra que Kamala Harris está confortável na frente do financiamento, o que é primeiro passo para que as coisas lhe possam correr bem na frente política. Até porque alguns dos mais importantes doadores dos democratas já tinham mandado suspender as transferências, dando assim (dura) nota do seu descontentamento por Biden não desistir.

Entretanto, o Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes convocou a diretora dos Serviços Secretos, Kimberly Cheatle, para testemunhar numa audiência sobre os lapsos de segurança que permitiram uma tentativa de assassinato do candidato republicano Donald Trump. “No dia 13 de julho, falhámos. Como diretora dos Serviços Secretos dos Estados Unidos, assumo total responsabilidade por qualquer lapso de segurança”, afirmou, citada pela imprensa norte-americana.

Perante as alegações republicanas de que os Serviços Secretos negaram recursos para proteger Trump, Cheatle disse que a segurança do ex-presidente aumento antes do atentado. “O nível de segurança fornecido ao ex-presidente aumentou bem antes da campanha e tem aumentado constantemente à medida que as ameaças evoluem”, disse. “A nossa missão não é política. É literalmente uma questão de vida ou morte”.

Ao mesmo tempo, os republicanos estão a alterar apressadamente o foco da sua campanha. Donald Trump vai tentar mostrar aos eleitores que a sua provável nova rival tem as suas impressões digitais em duas questões com as quais conta para a vitória em novembro: a imigração e o custo de vida.

Fontes da campanha de Trump disseram que o candidato mostrará que o desastre das políticas da administração democrata também é da responsabilidade de Harris, nomeadamente naquelas duas áreas, que lhe estavam diretamente mais próximas. As mesmas fontes disseram à agência Reuters que a campanha de Trump está há várias semanas a preparar-se para ‘receber’ Kamala Harris caso Biden desistisse. “Harris será mais fácil de vencer do que Joe Biden teria sido”, disse Donald Trump em declarações à CNN logo após o anúncio de Biden no passado domingo. “Se eles quiserem mudar para Biden 2.0 e ter ‘Cackling’ Kamala [ Kamala cacarejante é uma tradução possível] no topo, estamos bem de qualquer maneira”, disse um assessor, repetindo um insulto que a campanha republicana vem tentando impor há várias semanas.

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