Estou, desde junho do ano passado, Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP). Tenho, por tal facto, acompanhado as várias respostas que a Cruz Vermelha vem dando às crescentes necessidades sociais que o País enfrenta. O título que escolhi para a coluna desta semana é o lema da campanha da Cruz Vermelha que decorreu precisamente até hoje, dia 26 de julho.
A campanha visou alertar para o aumento de pessoas em situação de sem-abrigo e coincidiu com a apresentação, no Parlamento, da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.
No último ano, a CVP registou um aumento de 80% no número de pessoas apoiadas (cerca de 2.000) sendo que 69% eram homens. A instituição serviu diariamente mais de 785 refeições. Esta é uma realidade crítica que, ano após ano, tem vindo a aumentar.
Houve uma mudança de perfil no último ano e meio com mais casos de imigrantes e jovens empurrados para a exclusão por diversos fatores, entre os quais o aumento dos juros e preço das casas. Já em dezembro 2022 estavam sinalizadas 10.700 pessoas em condição de sem-abrigo.
Em 2020, o orçamento planeado era de 1,5 milhões de euros e passou, este ano, para 8 milhões. Recorrendo a uma imagem de tendas numa rua e com a mensagem forte “Quando os festivais acabam, nem todos deixam o acampamento”, a campanha visou mostrar o contraste entre quem pode escolher acampar e usufruir dos festivais de verão e quem o faz todo o ano devido ao agravamento da sua situação social e condições de vida.
A CVP presta apoio alimentar (através das suas cantinas sociais e distribuição na rua), acolhe em respostas de emergência social e promove a autonomia em apartamentos partilhados e no projeto Housing First.
A par destas respostas, a CVP realiza um acompanhamento psicossocial de proximidade, que procura contribuir para o acesso das pessoas em situação de sem-abrigo a serviços e recursos locais, como a saúde, e oferece um conjunto de respostas técnicas integradas que pretendem contribuir para o desenvolvimento de competências que promovem a autonomização pessoal e a integração social.
É possível saber mais sobre estes projetos da CVP e contribuir nesta página. Só com o incremento da capacidade de resposta se conseguirá acolher e ajudar a autonomizar e reintegrar mais pessoas. Não podemos permitir que permaneçam no acampamento.