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Venezuela: Maduro reeleito para terceiro mandato, com contestação da oposição

Palavras de Nicolás Maduro durante a campanha alertaram a oposição para a possibilidade de haver violência face aos resultados das eleições deste domingo. Maduro negou ter intenção de não reconhecer esses resultados.
29 Julho 2024, 07h30

Nicolas Maduro venceu as eleições presidenciais na Venezuela, que se realizaram este domingo, 28 de julho, com 51,20% dos votos, anunciou hoje o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano.

Maduro, reeleito para um terceiro mandato consecutivo, obteve 5,15 milhões de votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%), de acordo com os números oficiais anunciados pelo presidente do CNE, Elvis Amoroso.

Os resultados foram anunciados depois de contados 80% dos boletins de voto e 59% dos eleitores terem comparecido às urnas. O resultado “é irreversível”, declarou o presidente do CNE.

Do lado contrário, a oposição venezuelana reivindicou a vitória nas eleições, com 70% dos votos, como afirmou à imprensa a líder oposicionista Maria Corina Machado, afirmando que foi esse o resultado por Edmundo Gonzalez Urrutia.

“Ganhámos” com ‘70% dos votos’, “’a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo Gonzalez Urrutia’”, declarou à imprensa em Caracas, recusando reconhecer o resultado anunciado pelo CNE.

O histórico do regime de Nicolás Maduro – cada vez mais longínquo do legado de Hugo Chávez – e algumas palavras do presidente-candidato durante a campanha para as presidenciais levam as forças de oposição a temerem o que se poderá passar no ‘dia seguinte’.

Reeleito, Nicolás Maduro prometeu “paz, estabilidade e justiça” para a Venezuela, num discurso proferido pouco depois de anunciada a vitória, perante apoiantes que festejavam à porta do Palácio Presidencial, em Caracas.

“Haverá paz, estabilidade e justiça. Paz e respeito pela lei. Sou um homem de paz e de diálogo”, afirmou, quando a campanha e as eleições decorreram num clima de tensão, com a oposição a denunciar numerosas intimidações e detenções.

Maduro, no poder desde 2013, pediu ainda “respeito pela vontade popular”.

As sondagens feitas antes das eleições apontavam para uma vantagem clara do candidato da oposição, o que fazia temer o ‘dia seguinte’ a uma eventual derrota do regime.

Sabendo que este temor é real, o presidente garantiu que respeitaria o resultado das eleições presidenciais, apelando ainda aos restantes nove candidatos que fizessem o mesmo. “Reconheço e reconhecerei o árbitro eleitoral [referindo-se ao CNE], os boletins oficiais e assegurarei que esses sejam respeitados”, declarou Maduro aos jornalistas após votar e citado pela Lusa.

Maduro reiterou o que disse ao longo da campanha eleitoral, ou seja, que a sua candidatura é “a única garantia de paz” no país. Questionado sobre o reconhecimento dos resultados em caso de derrota eleitoral, sublinhou que o relatório do CNE “não só será reconhecido, como defendido, numa perfeita união civil-militar”, posteriormente garantindo que tudo correrá bem.

A oposição e observadores internacionais denunciaram diversas situações regulares durante o processo eleitoral.

Para alguns analistas, o ‘número’ que os deputados do Partido Popular Europeu (PPE) – incluindo o português Sebastião Bugalho – fizeram com a viagem para a Venezuela no passado sábado, não é nada que venha ajudar a oposição. Os deputados do PPE sabiam que não tinham o estatuto de observadores internacionais e que por isso seriam impedidos de entrar no país nessa qualidade. Mesmo assim foram.

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