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Paulo Monteiro Rosa: “Receios de uma recessão foi um dos principais motivos do ‘sell off’ de sexta-feira”

“De acordo com a regra de Sahm, economista norte-americana, uma taxa de desemprego média nos últimos três meses acima meio ponto percentual da taxa mais baixa dos últimos 12 meses é sinal de recessão”. Assim, os receios de uma recessão “foram um dos principais motivos do sell off da passada sexta-feira”, desta o economista.
Paulo Rosa
5 Agosto 2024, 08h50

Os receios de uma recessão nos EUA, depois de conhecidos alguns dados que indicam uma economia norte-americana em forte desaceleração, foi um dos principais motivos que originou o cenário de sell off que se verificou nas bolsas no final da semana passada.

A análise é de Paulo Monteiro Rosa, economista sénior do Banco Carregosa: “O relatório do emprego nos EUA de julho evidenciou uma economia norte-americana em forte desaceleração, tendo a taxa de desemprego subido para 4,3%, o valor mais elevado desde outubros de 2021. Há um ano a taxa de desemprego era de 3,5%, no entanto nos últimos três meses a média da taxa de desemprego foi de 4,13%, tendo em conta 4%, 4,1% e 4,3% em maio, junho e julho, respetivamente”.

“De acordo com a regra de Sahm, economista norte-americana, uma taxa de desemprego média nos últimos três meses acima meio ponto percentual da taxa mais baixa dos últimos 12 meses é sinal de recessão”. Assim, os receios de uma recessão “foram um dos principais motivos do sell off da passada sexta-feira”, desta o economista.

Tecnológicas não ajudam

Apesar dos resultados das grandes tecnológicas terem superado as estimativas, as big tech acabaram por não surpreender  “diante de um cenário goldilocks, ou seja, um cenário de quase tudo perfeito, corroborado pelos consideráveis ganhos das bolsas norte-americanas desde outubro passado, sobretudo do Nasdaq, impulsionado pelas expectativas muito otimistas em torno da inteligência artificial (IA)”.

Assim, Paulo Monteiro Rosa destaca que “este cenário espoletou vendas consideráveis nas bolsas, sobretudo de empresas tecnológicas, mas também do setor da banca, à medida que as expectativas para uma descida mais rápida do que o esperado para as taxas de juro prometem penalizar as elevadas margens financeiras do setor bancário nos últimos dois anos, a par de um eventual aumento das imparidades, dos incumprimentos e das provisões se uma recessão for uma realidade”.

“Na sexta-feira, a Intel teve a sua maior queda em bolsa dos últimos 50 anos, após resultados dececionantes e intensão de despedir 15% da sua força de trabalho, atualmente de 125 mil trabalhadores, uma empregadora importante dos EUA, empregando quase 1 em cada 1000 americanos. Entretanto, ainda este fim de semana a Nvidia referiu que enfrenta atraso na produção do seu chip mais poderoso, o Blackwell B200, devido a uma falha de design na sua produção”, recorda este especialista.

Japão perde estatuto entre financiadores

Com a subida das taxas de juro por parte do Banco do Japão, medida que está agora a ser implementada no sentido de travar a inflação, a economia nipónica está a deixar de ser um dos maiores financiadores mundiais nos últimos anos.

“O carry trade perde cada vez mais interesse, com a subida dos juros no Japão e valorização da moeda nipónica, uma considerável fonte de financiamento começa que gradualmente a secar, diminuindo a liquidez global”, sublinha Paulo Monteiro Rosa.

Além da perda de atratividade da estratégia do carry trade, a própria desvalorização do Nikkei 225 (que se acentuou na sexta-feira e que continua no início desta semana com uma queda de 5,5% – às 2h00 desta segunda-feira, sendo que finalizou a sessão com queda de 13,47%) “agrava o atual sell off“, realça.

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