O céu negro do fumo e o cheiro a queimado são, para já, os sinais em Atenas dos incêndios que atingem a Grécia, segundo uma portuguesa que vive neste país e não se lembra de um verão tão quente.
Maria da Piedade Maniatoglou, de 67 anos, disse à agência Lusa, por telefone, que o calor é muito e que as autoridades já disponibilizaram vários espaços, como o Estádio Olímpico de Atenas, para acolher quem teve de deixar as suas casas, quem precise de fugir do fumo ou simplesmente se refrescar com a ajuda do ar condicionado.
Tal como nos anos anteriores, a subida da temperatura tem sido acompanhada pelo registo de vários incêndios, alguns deles a chegar às portas da capital, Atenas.
Um fogo que deflagrou quinta-feira perto da aldeia de Varnava, a cerca de 40 quilómetros a norte de Atenas, propagou-se rapidamente para sul durante a noite até à aldeia de Penteli, a cerca de 15 quilómetros a norte da capital e no limite do tecido urbano da cidade.
Em consequência dos fogos que alastram rapidamente devido aos fortes ventos e à vegetação que a tal é propícia, as autoridades ordenaram esta madrugada a evacuação de oito aldeias a sul do Monte Penteli, depois da mesma medida envolver outras 15 aldeias mais a norte, evacuadas no domingo, num total de 35.000 pessoas afetadas.
Maria da Piedade Maniatoglou indicou que, principalmente no domingo, o céu estava muito escuro devido ao fumo e sentia-se o cheiro a queimado.
“As pessoas que vivem nas periferias da cidade estão a viver situações muito difíceis. Os meios aéreos tiveram de parar durante a noite e durante esse período os fogos continuaram a avançar. É muito complicado”, disse.
A Grécia é um dos principais destinos turísticos da Europa, acolhendo nesta altura milhares de turistas, incluindo portugueses.
A presença dos portugueses é visível nas ilhas, mas também na capital Atenas.
No ano passado, os fogos que se registaram afetaram várias famílias de portugueses e alguns relataram verdadeiras odisseias para conseguirem fugir das chamas e atingirem um lugar seguro.
Registou-se mesmo a maior operação de evacuação alguma vez realizada na Grécia devido aos incêndios que assolaram, em julho, a ilha turística de Rodes.
Maria da Piedade Maniatoglou, que se habituou às altas temperaturas do verão, afirmou que não se lembra de uma estação tão quente. “Está a ser um Verão extremamente sequíssimo, não chove há meses, os ventos são fortes e ajudam as chamas. Já houve casas que arderam, mas felizmente ainda não há registo de vítimas”.
Segundo os bombeiros, nas últimas 24 horas ocorreram cerca de 40 incêndios na Grécia, a maioria dos quais (33) foram extintos antes de se propagarem.
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