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Harris enfrenta guerra em Gaza e tirania no final da convenção democrata

A convenção democrata acabou em festa – esteve sempre em festa – com a candidata a prometer defender a classe média, nomeadamente através do corte nos impostos. E prometeu também fazer regressar os reféns a casa.
Kamala Harris
Democratic presidential candidate and U.S. Vice President Kamala Harris speaks at a presidential election campaign event in Atlanta, Georgia, U.S. July 30, 2024. REUTERS/Dustin Chambers
23 Agosto 2024, 10h05

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, selou a indicação presidencial democrata com um discurso que os jornais norte-americanos consideraram vigoroso, em que prometeu ser uma presidente “realista” e “prática” para todos os norte-americanos. “Na luta duradoura entre democracia e tirania, sei onde estou e sei onde os Estados Unidos pertencem”, disse, acusando diretamente o seu adversário, Donald Trump, de ser próximo de ditadores.

Finalmente, Kamala Harris explicou alguns pormenores do que entende fazer, nomeadamente em termos de política externa. Prometeu apoiar a NATO, a Ucrânia e “enfrentar a agressão de Putin”. E prometeu também proteger Israel, fazer tudo para trazer os reféns de Gaza para casa e acabar com a guerra no enclave palestiniano. “É hora de fazer um acordo de reféns e um acordo de cessar-fogo“, disse. “E deixem-me ser clara, sempre defenderei o direito de Israel a defender-se e sempre garantirei que Israel tenha a capacidade de se defender.”

Os manifestantes que durante três dias usaram as ruas circundantes para protestar contra o apoio dos Estados Unidos a Israel devem ter ficado pouco contentes. É que as palavras da candidata democrata querem dizer que não haverá nenhuma contenção na venda de armas a Israel – tal como sucede com Joe Biden e sucederia com Trump se fosse caso de ser ele a decidir.

Era talvez o tema mais difícil de todo o congresso. Com o financiamento das associações democratas de judeus a correr célere para os cofres do partido, Harris tinha que apagar a ideia de que, de algum modo, seria mais pró-palestiniana que Joe Biden. Ainda há um mês, David Friedman, embaixador, afirmava que “Biden cometeu muitos erros em relação a Israel, mas está muito à frente de Harris em termos de apoio a Israel”. Kamala Harris “está na ala progressista do partido, que simpatiza mais com a causa palestiniana”. Era essa imagem que precisava de ser ‘refigurada’ e a convenção também serviu para isso. Kamala Harris disse que quer acabar com a guerra de uma forma que proporcione segurança a Israel e permita que o povo palestiniano assumir o seu direito à autodeterminação. E afirmou que tomaria todas as medidas necessárias para defender os interesses dos Estados Unidos contra o Irão e contra tiranos e ditadores. Incluindo Kim Jong Un, da Coreia do Norte.

Como não podia deixar de ser, Harris traçou um profundo contraste com Trump, a quem acusou de não apoiar a classe média, planeando decretar um aumento de impostos disfarçado de novas taxas tarifárias. E fez voltar a questão do aborto – ou seja, das liberdades individuais, onde as diferenças entre os dois candidatos são mais claras.

Harris também se referiu a uma recente decisão da Supremo Tribunal sobre a imunidade presidencial e os riscos que isso representaria se Trump ganhasse o poder novamente. “Imaginem Donald Trump sem grades de proteção”, disse.

Harris disse que aprovará um corte de impostos intermédios que beneficiará mais de 100 milhões de americanos, contrastando com a promessa de Trump de reduzir o IRC. E falou sobre os seus planos para lutar pelo direito ao aborto, aumentar a oferta de casas e proibir o que chamou de “manipulação de preços”. E propôs o aumento do IRC de 21% para 28%.

Segundo avança a agência Reuters, Trump, que prometera responder ao discurso de Harris em tempo real, postou uma série de mensagens na rede Truth Social enquanto Harris falava. “Ela representa incompetência e fraqueza – o nosso país está a ser ridicularizado em todo o mundo!” e “Ela nunca será respeitada pelos tiranos do mundo!” foram algumas das frases escritas.

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