O presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, apontou, na passada sexta-feira, para uma redução das taxas de juro em setembro. Uma decisão que “peca por tardia”, ao mesmo tempo que os dados referentes ao mercado de trabalho norte-americano vão ganhar peso nas decisões da Fed, de acordo com os analistas ouvidos pelo Jornal Económico.
No discurso, que teve lugar no simpósio anual de Jackson Hole, no Wyoming, Estados Unidos, Powell referiu que “a inflação está num caminho sustentável para voltar aos 2%” e, nesse sentido, avançou como quase certo um corte nos juros em setembro.
“Chegou o momento” de a Fed baixar as taxas de juro, disse o presidente daquele banco central. Na sequência, abordou o mercado de trabalho, que reconhece estar enfraquecido, pelo que não quer fazê-lo “arrefecer” ainda mais.
No entendimento de Filipe Garcia, presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros, a decisão de folgar a política monetária, depois da subida agressiva dos juros, deveria ter sido tomada mais cedo. Tal é válido não apenas para a Fed, como também para o Banco Central Europeu (BCE) e o Bank of England (BoE).
“A inversão de ciclo da polítca monetária peca por tardia”, salienta, já que a inflação está há vários meses “em trajetória descendente”, lembra. Nesse sentido, “a política de juros altos encerra riscos sérios de gerar um abrandamento económico adicional desnecessário”, afirma.
“Dito de outra forma”, explica, “tal como os bancos centrais estiveram atrás da curva na subida de taxas, agora continuam atrás da curva na descida”, reitera. De qualquer modo, o primeiro corte nos juros representará um “estímulo, sobretudo ao nível do sentimento/confiança”, mas um verdadeiro circulo de redução nas taxas vai ajudar a “evitar falências”, ao mesmo tempo que “dará força ao mercado imobiliário”.
Por outro lado, Pedro Lino, CEO da Optimize, aponta para o ganho de importância adquirido pelos dados referentes ao mercado de trabalho, daqui em diante.
No boletim económico da Optimize, divulgado na sexta-feira, o analista assinala que Powell não só apontou ao início de um ciclo de redução dos juros, como também ao ritmo do mesmo, na ordem de 25 ou 50 pontos base por cada decisão, “dependendo dos dados económicos” que forem emitidos no futuro.
Pedro Lino lembra que o recuo da inflação cria “espaço de manobra para que a Reserva Federal possa baixar as taxas de juro”, mas refere que os mercados deverão olhar para outros olhos para os dados do emprego.
“Powell disse que o mercado de emprego está a ficar mais fraco”, recorda, ao mesmo tempo que o responsável norte-americano “não espera que qualquer inflação” resulte do mesmo nos próximos 12 meses.
Ainda assim, sendo a estabilidade do mercado de trabalho uma responsabilidade da Fed, “os dados do emprego que vão ser conhecidos serão essenciais” para aquela instituição tomar decisões em cada reunião, no sentido de optar por reduções de 25 ou 50 pontos base, assinala este analista.
Os mercados bolsistas europeus e norte-americano reagiram em alta, na sexta-feira, ao discurso do presidente da Fed.
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