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‘Hackers’ criam campanhas falsas para angariar fundos para defender CEO do Telegram

“Pedem aos destinatários que contribuam para a causa e que enviem dinheiro de uma das várias carteiras de criptomoedas especificadas, incluindo BTC, ETH e TRX. No entanto, as vítimas acabam por perder o seu dinheiro para os atacantes”, alerta empresa de cibersegurança.
27 Agosto 2024, 13h05

Os cibercriminosos estão a aproveitar-se das notícias sobre a detenção do cofundador e CEO fundador da Telegram para porem online campanhas falsas de angariação de fundos para defender o empreendedor franco-são-cristovense de origem russo em tribunal. Os hackers lançaram mensagens de spam através de e-mails para defesa jurídica e sensibilização global.

A descoberta foi feita pelos especialistas da empresa de cibersegurança russa Kaspersky, que estão a monitorizar uma campanha de spam ativa com cartas que seguem o mesmo padrão (exemplo abaixo). Segundo os peritos, neste esquema, fazem-se passar por organizações de direitos humanos e alegam empenho em garantir a liberdade de Pavel Durov e em proteger os direitos humanos em todo o mundo.

“Pedem aos destinatários que contribuam para a causa e que enviem dinheiro de uma das várias carteiras de criptomoedas especificadas, incluindo BTC, ETH e TRX. No entanto, as vítimas acabam por perder o seu dinheiro para os atacantes, pois a equipa de Pavel Durov não anunciou quaisquer esforços oficiais de angariação de fundos”, alerta a Kaspersky.

Há inclusive estratégias para contornarem os filtros de spam, nomeadamente utilizarem palavras como “ajudar”, “apoiar”, “doar” ou “angariar” e sinónimos, bem como fazerem-se passar por representantes da Human Rights Defenders Network (HRDN) ou Digital Rights Advocacy Network (DRAN).

“É crucial pensar de forma crítica e verificar duas vezes antes de enviar dinheiro para qualquer projeto de donativos. Confie sempre nas comunicações oficiais e nas fontes de notícias verificadas. Nunca confie em e-mails escritos em linguagem e formato primitivos, especialmente quando a equipa oficial não anunciou quaisquer esforços de angariação de fundos”, aconselha Andrey Kovtun, que trabalha na área de segurança de e-mail na Kaspersky.

O cidadão franco-russo Pavel Durov foi detido no sábado à noite depois de aterrar num aeroporto perto de Paris, na sequência de uma investigação que aponta para a alegada conivência da plataforma de mensagens instantâneas (Telegram) em crimes que vão desde fraude a tráfico de droga, passando por assédio cibernético, crime organizado e apologia do terrorismo. Entretanto, a prisão preventiva do criador do Telegram foi prolongada até quarta-feira.

Ontem, o presidente francês negou que a detenção em França do cofundador da Telegram tenha resultado de uma decisão política. “É a Justiça, com total independência, que deve fazer cumprir a lei”, escreveu Emmanuel Macron, na rede social X (antigo Twitter). Na sua opinião, existem “informações falsas” relacionadas com a detenção e França, um país “mais do que tudo ligado à liberdade de expressão e de comunicação, à inovação e ao empreendedorismo” e “continuará assim”.

“Num Estado de direito, nas redes sociais como na vida real, as liberdades são exercidas dentro de um quadro estabelecido pela lei para proteger os cidadãos e respeitar os seus direitos fundamentais”, diz o presidente de França.

O Telegram, lançado em 2013 por Pavel Durov e pelo irmão Nikolai, é um serviço de mensagens digitais no qual as comunicações podem ser totalmente encriptadas e cuja sede é no Dubai. Atualmente, tem mais de 900 milhões de utilizadores.

O Kremlin acha “inapropriado” comentar a detenção e recusou que tenha havido um encontro recente entre Pavel Durov e o presidente russo, Vladimir Putin.

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