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Mota-Engil atenua quedas mas mantém-se como a cotada que mais perde

A capitalização de mercado da Mota-Engil caiu 7,80%, na sessão de quarta-feira, com os investidores a mostrarem receios claros. A construtora continua em perda esta quinta-feira. Conheça os motivos.
5 Setembro 2024, 08h42

As ações da construtora portuguesa Mota-Engil continuam em perda esta quinta-feira, apesar da desvalorização ser bastante menos acentuada do que aquela que foi possível verificar na quarta-feira. Às 8h33, a Mota-Engil perdia 1,93% para 2,738 euros e liderava as desvalorizações na praça lisboeta que no entanto já se apresentava no verde com uma subida ligeira de 0,02% para 6.740,16 pontos.

A capitalização de mercado da Mota-Engil caiu 7,80%, na sessão de quarta-feira, com os investidores a recearem mostrarem receios claros. Ainda que o lucro até junho tenha subido, face a 2023, tal não reflete o real desempenho da construtora, já que, à parte as mais-valias, o lucro foi inferior ao observado no período homólogo.

A empresa apresentou, na semana passada, um lucro na ordem de 49 milhões de euros para o primeiro semestre, ou seja, mais 65% do que no mesmo período do ano passado. Em simultâneo, houve um acréscimo de 7% no volume de negócios, até aos 2.732 milhões de euros. Já esta terça-feira, a empresa estendeu o contrato que tem em Moçambique, por um valor na ordem de 576 milhões de euros.

Algumas fragilidades do ponto de vista financeiro, a desaceleração da economia e a provável pressão vendedora poderão estar na origem da queda acentuada da Mota-Engil esta quarta-feira, de acordo com análise de João Queiroz, responsável de negociação do Banco Carregosa, para o JE.

“A apresentação de resultados da Mota-Engil foi positiva e a empresa apresentou uma trajetória virtuosa do ponto de vista económico. No aspeto financeiro, consideramos que existem algumas fragilidades já que grande parte da carteira de negócios (que é muito expansionista) tem muita presença em economias cuja divisa não é convertível”, começa por referir o responsável de negociação do Banco Carregosa ao JE.

Porém, destaca João Queiroz, “a perspetiva de alguma estagnação do crescimento económico ou de uma pequena contração, torna o negócio da Mota-Engil ou de cotadas com este nível de equilíbrio financeiro com outro desempenho”.

Numa análise mais detalhada, este especialista considera que “o grau de alavancagem da Mota-Engil e deste tipo de negócios é ainda elevado para o free cash flow que geram e para o crescimento que têm e numa trajetória de crescimento mais acelerada. Provavelmente, não se espera que nos próximos trimestres isso possa acontecer. Havendo uma estagnação, este tipo de cotadas, sobretudo com este nível de alavancagem, podem sofrer com algum conservadorismo por parte dos investidores”.

O facto da Mota-Engil ser considerada uma “cotada pequena” mas como um “desempenho excecional em 2022 e 2023”, pode estar a fazer com que “haja muitos vendedores que queiram sair pela porta pequena, o que acaba por provocar algum desajustamento”.

Assim, João Queiroz antecipada que possa continuar a existir “alguma pressão vendedora enquanto houver alguma incerteza ao mercado e enquanto as tecnológicas estiverem em correção. Para os investidores que estão no médio/longo prazo, a Mota-Engil tem argumentos porque apresenta um desempenho que permite algum peso na carteira dos investidores”.

No entender do responsável de negociação do Banco Carregosa, existe outro ponto que merece alguma reflexão e que passa pelo facto da relação entre o retorno do investimento e o custo dos recursos alheios “ser baixo”: “O negócio da Mota-Engil tem as margens muito esmagadas e há muita concorrência… e não estamos só a falar de obras públicas mas também de concessões e serviços de suporte e engenharia”.

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