[weglot_switcher]

Alemanha: Olaf Scholz arrisca crescimento zero no final de 2024

Dificilmente a legislatura do SPD podia ser mais atribulada, tanto em termos políticos como económicos. Três dias depois de péssimos resultados eleitorais regionais, o chanceler fica agora a saber que a federação arrisca um crescimento nulo em 2024.
5 Setembro 2024, 09h46

O prestigiado Instituto ifo (Institute for Economic Research), retirou a sua previsão de crescimento para o ano em curso e substituiu-a. Por uma perspetiva de crescimento zero deixando de lado a possibilidade anterior, de crescimento de 0,4% no final do ano. O instituto também reduziu a estimativa para o próximo ano, de 1,5% para 0,9%. A economia não deverá crescer 1,5% até 2026. “A economia alemã está presa, e está a balançar na estagnação, enquanto outros países estão a sentir a retomada”, diz o responsável pelas previsões económicas do ifo, Timo Wollmershäuser.

E acrescenta: “Temos uma crise estrutural. Está a ser feito muito pouco investimento, especialmente na indústria, e a produtividade está estagnada há anos. Temos também uma crise económica. A situação das encomendas é má, e os ganhos de poder de compra não levam a um aumento do consumo, mas a uma maior poupança, porque as pessoas estão inseguras.”

A taxa de poupança é agora de 11,3%, significativamente maior do que a média de dez anos de 10,1% antes do Corona. Mas há, afinal, um raio de esperança: a taxa de inflação continuará a cair de uma média de 5,9% no ano passado para 2,2% este ano. Depois, cairá para 2% e depois para 1,9% nos próximos dois anos.

Mas a taxa de desemprego passará de 5,7% no ano passado para 6%. As previsões do instituto dizem ainda que, no ano que vem, cairá para 5,8% e, finalmente, chegará aos 5,3%. O défice do Orçamento do Estado deverá atingir 2% do PIB este ano e descer para 1,3% e 0,9%, respetivamente, nos próximos dois anos.

Este ano, o sector da construção, cuja produção deverá encolher 3,1%, e a indústria, que deverá diminuir 2%, serão mais um peso para a economia. “A descarbonização, a digitalização, a mudança demográfica, a pandemia, o choque de preços da energia e a mudança do papel da China na economia global estão a pressionar os modelos de negócios estabelecidos e a forçar as empresas a adaptar as suas estruturas de produção”, diz Wollmershäuser.

Como resultado, há uma queda no investimento, especialmente na indústria, que tem uma parcela significativamente maior da produção económica na Alemanha do que em outros países. “E a população vai envelhecer mais rapidamente, cada vez menos pessoas estão empregadas. As mudanças do sector industrial para o sector dos serviços explicam em grande parte a paralisação da produtividade dos últimos anos”, acrescenta.

Nuna altura em que a coligação entre o SPD, verdes e liberais que governa o país enfrenta o crescimento da extrema-direita, as más notícias sobre o andamento da economia são o que podia haver de pior pata o executivo liderado por Olaf Scholz.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.