Longe vão os tempos em que uma licenciatura era o suficiente para garantir um “lugar ao sol” no mercado de trabalho. Hoje em dia as necessidades de formação ao longo da vida são uma constante. O relatório Future of Jobs 2023 (WEF) estima que 44% das competências dos colaboradores terão de ser atualizadas até 2027, o que sublinha a importância crescente do reskilling e upskilling.
Estes conceitos, que envolvem a aquisição de novas competências e a melhoria de capacidades existentes, tornam-se fundamentais num mercado de trabalho em constante mudança. No entanto, apenas 36% dos trabalhadores acreditam que as suas empresas estão a investir adequadamente no seu desenvolvimento, segundo um estudo da Adecco.
Neste cenário, o conceito de lifelong learning (aprendizagem ao longo da vida) ganha destaque como uma estratégia crucial para enfrentar os desafios da evolução tecnológica. A OCDE sublinha que, com o avanço da tecnologia e a automação a reformular os modelos de trabalho, é essencial que os profissionais adotem uma abordagem de aprendizagem contínua, adquirindo e melhorando competências ao longo de toda a carreira.
A literacia digital é um exemplo claro da necessidade de lifelong learning. Não basta apenas dominar ferramentas tecnológicas; é vital ser capaz de navegar num ambiente digital saturado de informações e distinguir entre fontes fiáveis e desinformação.
A OCDE também aponta que, entre 2019 e 2022, as competências em áreas como inteligência artificial, automação e análise de dados registaram um crescimento significativo, evidenciando a procura por profissionais preparados para este ambiente digital cada vez mais complexo.
O reskilling e upskilling integram-se num ciclo de aprendizagem contínua, especialmente num momento em que a automação e a IA substituem tarefas rotineiras. A capacidade de adaptação torna-se essencial, e muitos colaboradores têm procurado formação fora das suas empresas. Um estudo da Randstad revela que 57% investe na própria formação porque sentem que as empresas não proporcionam os recursos adequados para o seu desenvolvimento.
Concluindo, o lifelong learning não é apenas uma resposta às mudanças tecnológicas, mas uma estratégia essencial para garantir a resiliência dos profissionais num mercado global em rápida transformação. Promover a aprendizagem contínua fortalece a empregabilidade, garante a relevância das competências e permite uma rápida adaptação às exigências futuras do trabalho.
Termino com uma frase de um professor meu que dizia: “uma licenciatura é apenas uma licença para aprender”. Acrescentaria apenas uma vírgula à frase: uma licenciatura é apenas uma licença para aprender, vida fora!