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PGR diz que o seu tempo se esgotou e que o único foco foram “os resultados”

“O meu tempo esgotou-se e o que foi feito, feito está, com honestidade intelectual e sem alarde, tendo como único foco os resultados. Melhorar os resultados. Sem aparato, com discrição. Como sempre fui, como sempre quis que fosse”, disse Lucília Gago, num discurso proferido na segunda-feira na abertura do 41.º curso de formação de magistrados para os tribunais judiciais e do 11.º curso de formação de juízes para os tribunais administrativos e fiscais.
© Filipe Amorim / Lusa
17 Setembro 2024, 17h36

A procuradora-geral da República (PGR), Lucília Gago, assumiu que o seu tempo à frente do Ministério Público (MP) chegou ao fim e assegurou que a prioridade do seu mandato foram sempre os resultados.

“O meu tempo esgotou-se e o que foi feito, feito está, com honestidade intelectual e sem alarde, tendo como único foco os resultados. Melhorar os resultados. Sem aparato, com discrição. Como sempre fui, como sempre quis que fosse”, disse a PGR, num discurso proferido na segunda-feira na abertura do 41.º curso de formação de magistrados para os tribunais judiciais e do 11.º curso de formação de juízes para os tribunais administrativos e fiscais.

Na cerimónia realizada no Centro de Estudos Judiciários (CEJ), em Lisboa, Lucília Gago assumiu que esta seria, provavelmente, a sua “última intervenção pública” e, perante os formandos, admitiu que estavam “nos antípodas da experiência e da vibração contagiante do entusiasmo”, depois de ter iniciado o seu percurso como PGR em outubro de 2018.

Lucília Gago recordou a audição na Assembleia da República na semana passada e reiterou uma ideia que suscitou controvérsia, ao frisar os constrangimentos na magistratura do MP pelo número significativo de mulheres entre os procuradores mais jovens, aludindo a um elevado número de ausências por razões de natalidade. No entanto, para a PGR, as suas palavras não representaram uma desvalorização dos direitos das mulheres.

“Sente-se com acuidade o peso das ausências ao serviço decorrentes de licenças de maternidade ou outros ponderosos motivos inerentes a essa condição, gerando objetivamente constrangimentos adicionais na gestão dos recursos humanos. Desta afirmação que então se fez e que se mantém não se retira a mínima colisão com a consideração como adequados e justos dos direitos correspondentes há muito legalmente consagrados”, referiu.

A PGR insistiu também que o quadro atual de magistrados é deficitário, com os 1.738 procuradores refletidos pelos dados estatísticos a reduzirem-se para 1.630 em funções efetivas. Essa redução deve-se à inclusão no primeiro valor de magistrados em regime de estágio, às situações de ausência prolongada e aos elementos em comissão de serviço.

Sublinhou ainda “o acréscimo de competências e atribuições do Ministério Público e as crescentes necessidades de especialização, a par com a existência de elevado nível de risco de burnout dos respetivos magistrados”.

Por outro lado, repetiu a crítica à falta de avanços na criação de um polo do CEJ na região norte, que permitiria, no seu entender, aumentar os níveis de recrutamento para a carreira.

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