O banco central da China anunciou hoje novas medidas para estimular o consumo e o sector imobiliário, na esperança de injetar renovado ímpeto na segunda maior economia do mundo, cuja recuperação pós-pandemia ficou abaixo das expectativas.
Volvido mais de um ano e meio desde o levantamento das restrições sanitárias que paralisaram a atividade económica do país asiático, a tão esperada recuperação pós-pandemia foi de curta duração e menos robusta do que o esperado.
O país continua a ser penalizado por uma prolongada crise no sector imobiliário, elevado desemprego jovem e fraco consumo das famílias, o que suscitou riscos deflacionários.
As autoridades chinesas estabeleceram a meta de crescimento do produto interno bruto (PIB) para este ano em cerca de 5%, um objetivo considerado otimista por muitos economistas, dadas as dificuldades atuais.
Pequim vai “reduzir o rácio de reservas obrigatórias (RRR) e baixar a taxa de juro de referência do mercado”, anunciou o presidente do Banco Popular da China (banco central), Pan Gongsheng, numa conferência de imprensa em Pequim.
O rácio de reservas obrigatórias vai ser reduzido “em breve” em 0,5%, para fornecer aos mercados financeiros uma injeção de liquidez a longo prazo de cerca de um bilião de yuan (128 mil milhões de euros), anunciou Pan.
A China vai também “reduzir as taxas de juro dos empréstimos hipotecários existentes e unificar os rácios de entrada para os empréstimos hipotecários”, afirmou o presidente do banco central.
Os bancos comerciais vão ser assim “levados a baixar as taxas de juro dos empréstimos hipotecários existentes para um nível próximo das taxas de juro dos novos empréstimos”, descreveu.
As bolsas de Hong Kong e Xangai reagiram positivamente a estes anúncios e subiram esta manhã (hora local).
O sector da habitação e da construção representa há muito mais de um quarto do PIB da segunda maior economia do mundo, mas desde 2020 que tem vindo a sofrer com o endurecimento das condições de acesso ao crédito por parte de Pequim para os promotores imobiliários, a fim de reduzir o endividamento.
Esta situação levou alguns promotores à falência, enquanto a queda dos preços está a desencorajar os chineses de investir no sector imobiliário.
Nos últimos meses, as autoridades chinesas intensificaram as medidas de estímulo: em maio, por exemplo, reduziram o depósito exigido para a compra do primeiro imóvel e propuseram que as autarquias locais comprassem as casas não vendidas ou não entregues.
As autarquias locais enfrentam uma dívida crescente de 5600 mil milhões de dólares (cinco mil milhões de euros), de acordo com o governo central, o que suscita preocupações quanto à estabilidade da economia chinesa.
Pequim vai “cooperar ativamente na resolução dos riscos associados ao imobiliário e à dívida das administrações locais”, afirmou o chefe da Administração Central de Regulação Financeira, Li Yunze, que falou ao lado do presidente do banco central.
“O sector financeiro chinês, em particular as principais instituições financeiras, funciona de forma estável e os riscos são controláveis”, insistiu. “Manteremos firmemente o objetivo de prevenir riscos financeiros sistémicos”, apontou.
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