Miguel Maya considera que o turismo deve servir de exemplo para outros sectores no país, mas alerta para a capacidade das empresas portuguesas em conseguirem valorizar o talento dos jovens após a sua formação académica. O CEO do Millenium bcp transmitiu a ideia durante debate na VII Cimeira do Turismo que decorre no Palácio Nacional de Mafra esta sexta-feira.
“Os outros sectores precisam de um enquadramento regulamentar e que seja amigo do investimento. Temos que ter a capacidade de reter o talento. Na parte fiscal pode ter alguma relevância, mas preocupa-me mais a atratividade que as empresas possam ter para os jovens se valorizarem em Portugal”, afirmou o CEO.
Presente no debate esteve também António Brochado Correia, presidente da PwC Portugal, realçando que o país pode orgulhar-se de ter das melhores escolas de turismo a nível europeu. “Formar é uma preocupação portuguesa, mas também de outros países. O talento será sempre a principal força motriz na capacidade das empresas em reter os jovens”, sublinhou.
Já Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, traçou uma análise mais económica do sector, sublinhando que o nível de endividamento das empresas do turismo é o mais baixo de sempre, pelo facto destas estarem a investir em qualidade e experiência, ao mesmo tempo que vão diversificando os mercados.
“Hoje trabalhamos uma panóplia de produtos que se destinam a mercados mais atrativos. Este ano provavelmente atingiremos os 27 mil milhões de euros em receitas no turismo”, afirmou.
Os incêndios que atingiram o país na última semana foram também alvo de debate, já que podem ser um problema na capacidade de atrair o turismo internacional. “Portugal é um dos países mais expostos às alterações climáticas e devia ser esse o nosso foco. A questão da água é fundamental para o turismo. Se alguém tiver problemas com a água no Algarve, certamente não recomendará a região”, referiu Miguel Maya.
Para António Brochado Correia, o problema dos fogos retira muito ao turismo e alerta para a necessidade de investir cada vez mais na prevenção dos incêndios. “Não é possível que nos últimos 15 anos tenha ardido em Portugal, mais do que França e Espanha juntos”, salientou.
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