Terão sido 181 os mísseis que o Irão lançou ao início da noite de ontem sobre o território de Israel, naquele que foi o segundo ataque direto alguma vez perpetrado pelo regime de Teerão contra o Estado hebraico, depois de um primeiro ataque lançado a meio de abril passado. Segundo um porta-voz das forças de defesa e Israel (IDF), os ataques tinham como alvo, na sua maioria, instalações militares que não teriam sido atingidas. Entre elas estão instalações militares de armas nucleares, que Israel se recusa a admitir que possui, apesar de ninguém ter dúvidas sobre o assunto.
O mundo está agora suspenso na forma como Israel vai retaliar face ao ataque – sendo claro para todos que o fará – tendo as IDF emitido declarações consideradas ‘estranhas’, segundo as quais essa retaliação não será feita em moldes tradicionais. Se isso quer dizer que a retaliação não envolverá um ataque direto ao Irão, ninguém parece estar em condições de perceber. De qualquer modo, há analistas que afirmam que a retaliação pode assumir um nível mais ‘subversivo’, com a utilização das largas qualidade da Mossad e não das forças armadas regulares.
Para a maioria dos analistas, o ataque do Irão obedeceu ao mesmo figurino do ataque de abril: foi discretamente evidenciado pelo regime de Teerão e não foi lançado contra alvos civis. As IDF afirmaram que houve um morto – segundo algumas fontes esse morto é um palestiniano que vivia na Cisjordânia – quando em abril havia a lamentar apenas um ferido. De qualquer modo, fica claro que o ataque não foi realizado para acabar numa mortandade entre civis. O ataque terá demorado cerca de duas horas (começou perto das 19 horas de Lisboa, 21 horas em Telavive), antes de as autoridades terem reaberto o seu espaço aéreo.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, conversou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e com o rei Abdullah da Jordânia, informou a Sky News. Ao mesmo tempo, informações não confirmadas indicam que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, terá conversado telefonicamente com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre o ataque do Irão.
É conhecida a influência que a Rússia mantém em Teerão – mas, por outro lado, os dois países não têm mostrado capacidade, ou eventualmente interesse, de estarem perfeitamente alinhados no que tem a ver com o Médio Oriente. Na Síria, por exemplo, apesar de Moscovo e Teerão estarem do mesmo lado das barricadas – do lado do presidente Bashar al-Assad – não se entendem em relação à forma como a recuperação do país deve ser conseguida. Um alto funcionário da república islâmica disse à Reuters que Teerão havia informado a Rússia sobre os ataques antes de os mísseis contra Israel terem descolado. A mesma fonte terá dito que também os Estados Unidos foram informados por meio de canais diplomáticos “pouco antes dos ataques”.
Por seu lado, António Guterres, secretário-geral da ONU, condenou a “ampliação do conflito no Médio Oriente, com escalada após escalada” e disse que “precisamos absolutamente de um cessar-fogo”.
Da Casa Branca, a resposta é de contenção: na primeira declaração oficial sobre o ataque, cerca de uma hora depois deste ter terminado, o porta-voz da administração admitiu que se tratou de “uma escalada significativa” no cenário já escaldante do Médio Oriente. E que as estruturas políticas e militares dos dois países estavam desde já em contacto direto. O porta-voz não quis alongar-se sobre o que está em cima da mesa – nomeadamente no que tem a ver com o papel que os Estados Unidos tomarão no âmbito da retaliação que Israel irá inevitavelmente levar a efeito.
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