Depois de sofrer uma recessão de 3,4% no primeiro semestre do ano, a economia da Argentina observou uma recuperação da atividade durante o verão, mostrando algum crescimento. Embora os principais indicadores mostrem sinais mistos, tudo indica que a Argentina conseguirá alguns resultados positivos – com certeza muito à custa do emagrecimento do Estado e da consequente diminuição da despesa pública. O problema é que essa diminuição está sustentada no aumento desenfreado do desemprego. O consequente aumento da taxa de pobreza para níveis superiores aos 52% mostra bem que os indicadores económicos podem distorcer a realidade.
O jornal “El Economista” indica que, apesar das medidas de austeridade implementadas pelo governo do presidente Javier Milei para equilibrar as contas públicas, a economia argentina alcançou uma recuperação de 1,7% em julho em relação ao mês anterior, com alguns setores a mostrarem sinais de melhora após um primeiro semestre devastador. O setor que está a apresentar a maior expansão é o chamado ‘minas e pedreiras’, graças ao forte crescimento da produção de gás e petróleo.
“Depois de contrair por três trimestres consecutivos, a atividade económica começou a mostrar sinais de recuperação no terceiro trimestre de 2024”, observa um research do banco BBVA publicado esta semana.
“Em julho, vários indicadores mostram crescimento mensal, mas em agosto as evidências são mistas”. Mesmo assim, “mantemos uma projeção de queda de 4% do PIB para 2024 e uma recuperação de 6% em 2025”. São 10 pontos percentuais de diferença que com certeza a realidade terá dificuldade em sustentar.
A recuperação do setor agrícola após a seca aguda do ano passado é acompanhada por um superavit firme no balanço energético, menores importações de GNL e crescentes exportações de petróleo”, diz ainda o BBVA Research. O banco projeta um superavit comercial de mercadorias de 17,6 mil milhões de dólares para este ano.
O relatório coincide com a recente publicação da previsão da atividade económica, indicador que serve de avanço provisório para medir a variação trimestral do PIB, que registou um decréscimo de 1,3% em julho face ao mês homólogo de 2023, mas que apresentava um crescimento de 1,7% face ao mês anterior.
O JP Morgan também está surpreso com os dados: “Tínhamos previsto que a atividade se estabilizaria no terceiro trimestre, após a queda drástica no primeiro semestre do ano. Os dados de atividade de julho, publicados esta semana, superaram as nossas expectativas, aumentando 1,7% mês a mês quando ajustados pela sazonalidade”, afirma o banco de investimento.
O JP Morgan diz que, “levando em consideração o exposto, o crescimento sequencial nos últimos três meses convergiu para apenas menos 1% ano a ano, uma melhoria substancial em comparação com as quedas anuais de 8,4% e 6,8% sofridas no primeiro e segundo trimestres, respetivamente. Isso estabelece o efeito de transferência para o terceiro trimestre em 6,9% muito encorajadores em relação ao ano anterior”. Apesar de tudo, as projeções para 2025 indicam uma expansão ligeiramente abaixo de 5%.
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