Os ciberataques vão custar às organizações mundiais 10 mil milhões de dólares (cerca de 9,1 mil milhões de euros) em 2024 caso o rácio entre os incidentes registados no início do ano e o custo dos mesmos se mantiver linear, concluiu a consultora tecnológica NTT Data, numa análise divulgada esta quarta-feira.
“Estes custos materializam-se em várias áreas, incluindo despesas com a recuperação de sistemas, contratação de serviços especializados de segurança, interrupção das operações das organizações, resgates e danos reputacionais. As fraudes e ataques mencionados envolvem tanto perdas financeiras diretas, como custos indiretos decorrentes da paralisação de serviços e da perda de confiança dos clientes e fornecedores”, esclarece ao Jornal Económico (JE) o responsável de Cibersegurança da NTT Data Portugal.
Mauro Almeida diz ao JE que este documento não tem detalhes de cada país, mas recorda o mais recente Relatório de Riscos e Conflitos do Centro Nacional de Cibersegurança, onde é notório que “ameaças como o ransomware e o phishing têm provocado prejuízos significativos em Portugal”, sendo o Estado, as empresas de saúde e as instituições financeiras os setores mais visados. “São particularmente vulneráveis a ataques de ransomware, phishing e engenharia social, que têm demonstrado ser as ciberameaças mais prevalentes em Portugal”, explica.
A equipa de Cyber Threat Intelligence da NTT Data prevê ainda que os ataques informáticos aumentem 39% neste segundo semestre do ano em relação a 2023, depois de recolher dados das suas ferramentas tecnológicas e de fontes externas verificadas. A subida de quase 40% deve-se ao aumento da conetividade e das novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA) generativa, o 5G e a Internet das Coisas, que tanto aumentam a prevenção, deteção e resolução dos problemas como também o número de ameaças.
Só entre o segundo semestre de 2023 e o fim da primeira metade de 2024 registou-se um aumento da utilização de IA generativa de 600%, que teve sobretudo impacto em cinco tipos de ataque diferentes: phishing e vishing (phishing por chamada telefónica), furto de identidade, desinformação e notícias falsas, evolução de negação de serviço (DDoS – Distributed Denial-of-Service) e preenchimento de credenciais.
Onde ocorrem?
A Europa é mesmo caracterizada como “um viveiro de ciberataques”, uma vez que ao analisarem a distribuição geográfica dos incidentes digitais, os especialistas da NTT Data aperceberam-se de que a Europa registou o maior aumento anual (+64%) de ciberataques nos primeiros seis meses do ano por causa da elevada digitalização da Administração Pública e da elevada regulação, que deixam as organizações mais vulneráveis aos hackers.
Por outro lado, entre janeiro e junho de 2024, os grupos de Ameaças Persistentes Avançadas (APT – Advanced Persistent Threat) em várias regiões do mundo – como a China, a Coreia do Norte, o Irão e a Rússia – demonstraram um aumento de atividades cibernéticas “dinâmicas e inovadoras”, segundo o mesmo relatório.
“Os países pertencentes à NATO acumularam cerca de 36% dos ataques registados (1.500 ataques diretos), enquanto os países pertencentes aos BRICS se fixaram nos 28% (1.200 ataques diretos), destacando-se o ransomware e o DDoS como as principais tipologias de ataque”, lê-se no relatório, publicado no Mês Europeu da Cibersegurança, que se comemora em outubro desde 2012.
A NTT Data estabeleceu também uma classificação de ameaças, destacando os cinco principais ataques com o maior número de registos únicos no primeiro semestre de 2024:
Violação de dados
DDoS
Phishing e vishing
Ransomware
Defacement
*Deface, quando se altera a página principal de um site
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