A economia da Alemanha deve sofrer uma contração de 0,2% em 2024, informou o Ministério da Economia alemão esta quarta-feira, tornando-se o único país do G7 a registar uma queda do PIB este ano, como também ocorreu em 2023. O governo cortou a sua projeção anterior, que era de crescimento de 0,3% para este ano, admitindo agora que a prevista recuperação para a segunda metade do ano não se concretizará.
A economia da Alemanha já foi a de mais fraco desempenho na Zona Euro – para além dos países do G7 – no ano passado, com um declínio de 0,3% do PIB. Se a economia germânica encolher pelo segundo ano consecutivo – aconteceu o mesmo em 2002 e 2003, por ‘culpa’ das exportações industriais – a Alemanha será a única economia do G7 em processo de contração, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A economia da Alemanha, que sofreu uma queda no segundo trimestre deste ano, já não cresce de forma sustentada desde 2018, referiu o ministro da Economia, Robert Habeck, na apresentação das previsões. A esta dinâmica de encolhimento seguiu-se um grave impacto do fim das importações de energia barata oriunda da Rússia – consequência da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
De qualquer modo, para o ministro, a dinâmica de crescimento deve voltar gradualmente, esperando um crescimento de 1,1% para 2025, em comparação com as projeções anteriores, que apontavam para 1%. Para 2026, o ministro prevê uma expansão de 1,6%.
Como seria de esperar, o chanceler social-democrata Olaf Scholz está no centro do furacão político que as dificuldades da economia explicam, pelo menos em parte. O novo secretário-geral do SPD, Matthias Miersch, usou uma entrevista para enviar recados a Scholz acerca das expectativas para a manutenção dos empregos industriais –evidenciando que o ambiente interno do partido que lidera a coligação do governo (com os Verdes e os Liberais) não está a passar pelo seu melhor momento.
“Espero que possamos resolver esse problema no interior do governo”, afirmou , para assinalar que pediu a Olaf Scholz que mostre liderança na questão dos empregos industriais. Em uma entrevista ao jornal “Deutschlandfunk”, Miersch aconselhou o chanceler a mostrar mais empenhamento – nomeadamente no que tem a ver com as relações entre o executivo e o grupo parlamentar.
Para o secretário-geral, o SPD tem de mostrar quais são os seus próprios sucessos. Um tema importante neste momento e nas próximas semanas é a luta pelos empregos industriais. “Espero que tenhamos uma liderança muito, muito clara – também do chanceler”, disse.
No meio das dificuldades da coligação – e principalmente do partido que a lidera – os germânicos deram mostras em setembro de estarem a aderir em número crescente às propostas da extrema-direita alemã, liderada pelo partido Alternativa para a Alemanha (AfD). Os extremistas – alguns deles declaradamente nazis – tiveram excelentes votações nas regiões do leste da Alemanha, o que fez acender as ‘luzes vermelhas’ no interior do governo.
Um dos problemas que Scholz enfrenta tem precisamente a ver com a questão da Ucrânia: os germânicos tendem a considerar que a substituição da importação de gás natural russo pela matéria-prima de outras geografias foi um mau negócio – a que se junta o ‘exagero’ financeiro das ajudas ao país invadido. E, evidentemente, a opção pelo rearmamento, que fará disparar a despesa do Estado federal.
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