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Lucros da Jerónimo Martins derrapam mais de 21%

Nos primeiros nove meses do ano, o grupo Jerónimo Martins viu os seus lucros caírem para os 440 milhões de euros, que comparam com os 558 milhões atingidos em igual período do ano passado.
Cristina Bernardo
30 Outubro 2024, 17h25

As vendas do grupo Jerónimo Martins ascenderam, nos primeiros nome meses do ano, aos 24,8 mil milhões de euros, mais 10,3% que em igual período do ano passado (ou mais 4,7%, a taxas de câmbio constantes) e o EBITDA subiu 2,7% para 1,6 mil milhões (menos 2,9% a taxas de câmbio constantes), com a margem a fixar-se nos 6,6% (7,1% nos 9M 23). Mas os resultados líquidos não foram além dos 440 milhões de euros, menos 21,2% quando comparados com os 558 milhões obtidos em igual período do ano passado.

O Cash Flow foi de menos 387 milhões, “impactado pelos efeitos da deflação no crescimento”, refere o grupo em comunicado enviado à CMVM, e a dívida líquida situa-se nos 3,2 mil milhões – “excluindo a IFRS16, o grupo apresenta uma posição líquida de caixa que se cifra em 413 milhões no final de setembro”.

O grupo adianta que, “perante contextos de mercado desafiantes, as nossas insígnias mantiveram a competitividade de preço e fortaleceram as suas propostas de valor. Esta estratégia permitiu-lhes garantir a preferência dos consumidores, crescer vendas em volume de forma consistente, e ganhar quota de mercado ao longo dos primeiros nove meses do ano. Como antecipado, neste período, as margens operacionais do Grupo foram pressionadas pela combinação da deflação registada nos nossos cabazes com a significativa inflação de custos, principalmente ao nível dos salários em cada país”.

Na Polónia, um dos principais polos externos do grupo, “o ambiente de consumo tem-se mantido pouco dinâmico, levando ao intensificar da concorrência. Com uma forte posição resultante de anos consecutivos a liderar o crescimento no mercado de retalho alimentar polaco, a Biedronka manteve-se focada em gerar oportunidades de poupança para as famílias na Polónia, numa altura em que o preço tem sido fator decisivo de compra. A nossa maior cadeia voltou, assim, a crescer acima do mercado, aumentando a respetiva quota”.

“A Hebe manteve um bom desempenho ao longo dos nove meses, com o crescimento das vendas a ser impulsionado pelas lojas físicas e pelo canal de e-commerce”.

Em Portugal, “o Recheio assegurou a consistência do seu desempenho nos vários segmentos de clientes, apesar do abrandamento no canal HoReCa, face aos fortes crescimentos dos anos anteriores, e também, mais recentemente, de alguma retração do consumo out-of-home”.

Na Colômbia, “a pressão sobre as famílias continua elevada em resultado do impacto, sobre o rendimento real, dos aumentos de preço dos bens alimentares registados nos últimos anos. A Ara reforçou a dinâmica promocional, mantendo a sua relevância para os consumidores colombianos num momento em que o acesso a produtos alimentares a preços competitivos é uma necessidade absoluta”.

Pedro Soares dos Santos, CEO, disse na mensagem enviada à CMVM que “como antecipámos, nestes nove meses de 2024, a inflação alimentar caiu, pondo fim aos aumentos de preços extraordinários registados nos dois últimos anos. Cruzada com a elevada subida dos custos, essa queda da inflação levou à intensificação do ambiente concorrencial e ao agravamento da pressão sobre as margens. A este contexto, já de si muito desafiante, somou-se a falta de dinamismo do consumo no nosso principal mercado”.

Mesmo sem conseguir compensar completamente o impacto sobre o desempenho financeiro resultante da deflação, “o nosso foco manteve-se no consumidor e na oferta dos melhores preços e promoções, o que nos permitiu registar, mais uma vez, notáveis crescimentos dos volumes na Polónia e em Portugal, e reforçar o modelo de negócio na Colômbia”. “No essencial, mantemos as perspetivas tal como divulgadas a 24 de julho de 2024. Como previsto, o ano de 2024 tem-se desenrolado, combinando, com uma intensidade nunca vista, uma rápida queda dos preços alimentares com um aumento expressivo dos custos, o que coloca forte pressão sobre as nossas margens. Neste contexto muito exigente, mantemos o foco nas vendas, ao mesmo tempo que aprofundamos a disciplina de custos e os ganhos de eficiência operacional para proteger a rentabilidade”.

Na Polónia, a Biedronka “irá adicionar, em 2024, entre 130 e 150 localizações líquidas à rede de lojas. O programa de remodelações no ano abrangerá cerca de 275 lojas”. A Hebe continuará a centrar a sua estratégia de crescimento no canal de e-commerce, “que constitui também a base da sua internacionalização. Na Polónia, o reforço da rede de lojas prevê a abertura de cerca de 30 novas localizações no ano”.

Em Portugal “persistem sinais de pressão sobre as famílias relacionados com taxas de juro e impostos elevados, esperando-se, por isso, que o consumo se mantenha pouco dinâmico ao longo do resto do ano”. O grupo prevê remodelar cerca de 60 lojas no ano e inaugurar cerca de dez novas localizações.

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