Em Portugal, a taxa de poupança das famílias continua a aumentar, mas os incentivos “são muito poucos”, diz a coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco, Natália Nunes, ao Jornal Económico (JE), defendendo a criação de uma “estratégia de incentivo à poupança”.
A promoção de mais “literacia financeira, nomeadamente em matéria de poupança e investimento”, a “diminuição da taxa de imposto sobre os produtos financeiros de poupança” e os “incentivos à poupança para a reforma” integrariam esta estratégia, diz mesma responsável por ocasião do Dia Mundial da Poupança.
A Deco defende, ainda, neste sentido, o “fim das comissões de transferência dos PPR de capital garantido”.
Não obstante as críticas à falta de incentivos à poupança, Natália Nunes recorda os esforços do Governo este ano, nomeadamente o incentivo à poupança de longo prazo com a redução das taxas de tributação sobre mais-valias de fundos de investimento, ações e outros ativos negociados no mercado de capitais.
Sobre o perfil da população portuguesa no momento de investir, classifica-o como “muito conservador e avesso ao risco na aplicação das suas poupanças”. “48% dos seus ativos financeiros estão em depósitos a prazo”, recorda.
No segundo trimestre deste ano, a taxa de poupança das famílias foi a maior da União Europeia (UE), subindo 9,8%. Contudo, apesar da subida homóloga de 0,6 pontos percentuais (p.p.), está aquém da alcançar a média de 15,2% do espaço comunitário.
“As famílias têm demonstrado em momentos de incerteza uma preocupação acrescida com a poupança. Donde o aumento da taxa de poupança fica a deve-se por um lado, à incerteza e receio do futuro, por outro ao facto das instituições bancárias terem aumentado a remuneração dos depósitos. Mas os bancos estão agora a pagar cada vez menos, apesar das famílias continuam a aumentar o dinheiro aplicado em depósitos, tendo atingido em julho de 2024, o valor mais alto de sempre”, explica a responsável da Deco.
“A taxa de poupança das famílias está a aumentar e está em ascensão há um ano. O desempenho foi consequência do aumento de 2,2% do Rendimento Disponível Bruto (2,4% no trimestre anterior), superior ao crescimento de 1,4% do consumo privados”, diz a mesma responsável, citando o Instituto Nacional de Estatística (INE).
A maior taxa de poupança da economia portuguesa registou-se no primeiro trimestre de 2021, em pleno confinamento da pandemia de Covid-19, com 14,2%. registados no primeiro trimestre de 2021.
De acordo com o Barómetro Europeu 2024 da Cetelem, mais de metade (61%) da população portuguesa admite tomar medidas de poupança no quotidiano, com 42% a esperar um aumento das despesas.
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