Cláudio Ribeiro tem 40 anos, é designer de produto e trocou o Rio de Janeiro por Chicago em 1999. Está habituado a invernos rigorosos e verões escaldantes mas nada o preparou para os 29 graus negativos que tem enfrentado nos últimos dias. “O problema é mesmo o vento”, realça o designer em declarações ao Jornal Económico. A onda de frio polar trouxe um vento ártico que cria uma sensação térmica que chega aos 53 graus negativos.
Cláudio protege-se mas conta que tem “feito a vida normal”. “Fui aos correios ontem e hoje fui trabalhar. O meu carro é que refilou um bocadinho, demorou uns dez minutos a arrancar”, conta. Mas, apesar de viver em Chicago há vários anos e estar habituado a estas temperaturas, confessa que esta corrente gelada já lhe trouxe uma situação caricata:
“Tenho uma janela em minha casa que fica próxima de um cano de água. Antes de ir para o trabalho nesse dia, resolvi deixá-la entreaberta para ver se arrejava um bocadinho a casa. Quando regressei, o frio tinha congelado o cano e a água lá de dentro virou gelo. Nunca me tinha acontecido!”
Conta-nos que há menos pessoas na rua mas que não lhes foi pedido para se manterem em casa. “Claro que as pessoas não vão jantar fora e evitam programas fora de casa mas vão trabalhar”. As escolas fecharam mas o comércio privado, como o Starbucks ou os supermercados da cidade, continuam abertos – “a única diferença é que em vez de fecharem às 23h, como é habitual, fecham às 19h”, altura em que o frio aperta. O governo criou uma espécie de task-force para garantir a segurança da população e a manutenção das ruas. Foram criados “warming-centers” onde as pessoas se podem abrigar do frio e abriram o acesso aos parques de estacionamento da cidade, normalmente pagos, para que os habitantes possam lá deixar os carros. Circulam e-mails que apelam à interajuda da população – “Keep an eye on your neighbor” (Fiquem atentos aos vossos vizinhos), dizem.
“Pedem-nos para deixar as torneiras a pingar para garantir que a água não congela.”
Para assegurar os serviços de transporte, especialmente do comboio da cidade, foi preciso atear fogo aos carris. Este método controlado ajuda a descongelar o gelo e a impedir o encolhimento do metal, fenómeno que resulta das temperaturas negativas. As estradas da cidade levam um banho de sal várias vezes ao dia, para descongelar a neve e o gelo, e os limpa-neve têm trabalhado sem parar.
Os sem-abrigos têm sido levados para abrigos temporários mas há muitos que preferem ficar próximos das saídas de ar quente no centro da cidade, “perto de onde se filmou o Batman”.
As casas são quentes e estão preparadas para temperaturas negativas. Estão todas equipadas com aquecimento central e, além dos vidros duplos, tem uma janela extra do lado de fora. “Um colega meu atirou um copo de água para essa janela exterior e filmou. É impressionante. Vê-se a água a congelar mal bate no vidro!”, diz-nos.
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