O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, está a formar a sua equipa e tem, segundo os analistas, dois critérios fundamentais: escolher os que lhe são próximos, mas também elementos que o subtraiam às acusações de que foi alvo há oito anos – segundo as quais o seu gabinete era fundamentalmente composto por elementos que desconheciam profundamente os mecanismos da própria governação.
Nesse contexto, Tom Homan, ex-diretor interino do Departamento de Imigração e Alfândegas (ICE), será responsável pelas fronteiras do país no novo governo – ficando assim com a responsabilidade de colocar no terreno uma das promessas mais consistentes da campanha de Trump: recambiar para o lado de lá das fronteiras todos os imigrantes ilegais que se encontram nos Estados Unidos. Homan, que serviu no primeiro governo Trump por cerca de um ano e meio, também é candidato a secretário de Segurança Interna.
Tom Homan, a quem Trump chamou nas redes sociais o novo “czar das fronteiras”, disse esta segunda-feira que priorizará a deportação ilegal de imigrantes que se encontrem nos Estados Unidos. Segundo a agência Reuters, espera-se que o “czar” mobilize diversas agências do governo para o ajudar numa operação que pode envolver cerca de um milhão de pessoas por ano.
Trump ainda não disse quem será o líder do Departamento de Segurança Interna, que supervisiona a Patrulha de Fronteira, mas os analistas apontam para Chad Wolf, que foi secretário interino de Segurança Interna durante parte da primeira presidência de Trump, e para Mark Green, presidente do Comité de Segurança Interna da Câmara dos Representantes, como os dois principais candidatos.
Escolhida está também a nova embaixadora dos Estados Unidos junto das Nações Europeias – instituição com que Trump teve uma relação muito pouco amistosa ao longo do seu primeiro mandato, tendo mesmo chegado a ameaçar que iria cortar o financiamento norte-americano ao organismo liderado por António Guterres. A nova embaixadora será Elise Stefanik, de 40 anos, de Nova Iorque, presidente da Conferência Republicana da Câmara – que chegou a ser apontada como possível candidata a vice-presidente antes de a escolha ter recaído sobre J. D. Vance.
Elise Stefanik assumiu uma posição de liderança republicana na Câmara dos Representantes em 2021, quando foi eleita para substituir Liz Cheney, que foi demitida por criticar as contínuas alegações de fraude eleitoral que Trump repetiu até à exaustão a partir de novembro de 2020. A futura embaixadora foi uma das mais veementes defensoras de Trump quando o então presidente foi alvo do primeiro impeachment (em 2019).
Por outro lado, os analistas antecipam que Trump nomeará o conselheiro de Imigração Stephen Miller como vice-chefe de gabinete da Casa Branca. Miller foi conselheiro sénior para a área política da Casa Branca durante a primeira presidência de Trump e a força motriz por trás da ampla repressão à imigração.
A muito importante posição de secretário de Estado (ministro dos Negócios Estrangeiros) também é das que, não estando preenchida, tem um candidato fortemente potencial: Richard Grenell, um conselheiro de política externa dos mais próximos de Trump. Durante o primeiro mandato, foi diretor interino das “secretas” e embaixador dos Estados Unidos na Alemanha. Quando Trump se encontrou com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy em setembro passado, Grenell participou na reunião privada, refere a Reuters. Defende a criação de uma zona autónoma no leste da Ucrânia para acabar com a guerra – algo semelhante ao paralelo 38 entre as duas Coreias (que oficialmente ainda se encontram em guerra), uma posição que Kiev considera inaceitável.
Robert O’Brien, o quarto e último conselheiro de segurança nacional de Trump durante o primeiro mandato, é tido como provável num cargo importante ao nível da política externa e de segurança nacional. Mas convém recordar que é um defensor de mais ajuda militar à Ucrânia. O senador republicano Bill Hagerty também está na órbita para secretário de Estado – tendo sido embaixador no Japão no primeiro governo Trump. Marco Rubio, senador pela Flórida e candidato presidencial republicano em 2016, é outro dos candidatos – estando há muito envolvido em assuntos externos no Senado, particularmente no que se refere à América Latina.
Para secretário do Tesouro (ministro das Finanças), o nome apontado é o de Scott Bessent, conselheiro económico de Trump, seu próximo e ex-professor universitário. Mas tem concorrência: John Paulson, bilionário e gestor de fundos hedge; Larry Kudlow, personalidade da Fox Business Network, que foi diretor do Conselho Económico Nacional durante grande parte do primeiro mandato de Trump; e Robert Lighthizer, representante de Trump para o Comércio no primeiro mandato.
Para de algum modo chefiar todas estas personalidades está a sua chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, uma das principais responsáveis pela muito bem-sucedida campanha de Trump. Terá como funções organizar o tempo e a agenda do presidente e manter contato com outros departamentos governamentais, com as câmaras e com deputados – o que lhe confere a capacidade de assumir uma forte influência sobre o presidente. Considerada muito discreta, Susie Wiles será, aos 67 anos, a primeira mulher a servir como chefe de gabinete da Casa Branca.
Entretanto, o empresário Elon Musk continua a ser uma incógnita; fará ou não parte da administração 2024-28 de Donald Trump. Pelo sim, pelo não, o dono da Tesla – a marca que está a perder a “guerra” com os carros elétricos chineses, o que não é matéria de somenos – já disse que quer ver o senador Rick Scott como líder da maioria republicana do Senado.
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