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EUA forçam separação entre Google e Chrome. Negócio pode valer 20 mil milhões

Uma das exigências do Governo norte-americano para a Google é que se deve desfazer de participações em empresas de Inteligência Artificial que controlem tecnológicas concorrentes no setor dos motores de busca.
Chrome
22 Novembro 2024, 08h10

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos está a fazer força para que o Google venda o Chrome, de forma a quebrar o monopólio de pesquisa na Internet. O objetivo do pedido, que já deu entrada junto do Governo norte-americano, é separar o browser Chrome dos restantes produtos da Big Tech Google.

A proposta de 23 páginas indica que o objetivo é romper com o monopólio ilegal no mercado que perpetua desde 2008, quando a Alphabet lançou o Chrome.

A dona do motor de busca já emitiu também uma posição oficial, indicando que a agenda radical do governo vai prejudicar os consumidores. “O Departamento de Justiça continua a promover uma agenda radical que vai muito além das questões legais neste caso. Ao interferir desta forma, o governo iria prejudicar os consumidores, os programadores e a liderança tecnológica norte-americana precisamente no momento em que é mais necessária”, explica Kent Walker, presidente, Global Affairs & Chief Legal Officer da Google e Alphabet.

O Departamento da Justiça quer ainda proibir a dona da Google de assinar acordos multimilionários, por forma a garantir que o Chrome se torne o motor de busca padrão no iPhone e outros dispositivos da Apple. O mesmo deverá acontecer no sistema operativo Android, com os responsáveis deste Departamento querem que favoreça o motor de busca que ainda é da Google.

Na visão do Departamento da Justiça, “o Google deve prontamente e integralmente alienar o Chrome para um comprador aprovado pelo autor da ação, sujeito a termos que o Tribunal e os autores [Justiça] aprovem”, apontou na página.

A Justiça considera ainda que “o campo está desequilibrado devido à conduta da Google, e a qualidade dos produtos reflete as vantagens injustamente adquiridas por práticas ilegais”, apontou o Governo dos Estados Unidos.

Uma das exigências do Governo norte-americano para a Google é que se deve desfazer de participações em empresas de Inteligência Artificial que controlem tecnológicas concorrentes no setor dos motores de busca. No fim do ano passado, a Alphabet investiu 2,3 mil milhões de dólares na Anthropic, criadora do chatbot Claude.

Chrome com valor significativo

Tudo indica que o Chrome é capaz de gerar mais de 300 mil milhões de dólares (284 mil milhões de euros) em vendas só este ano para a Alphabet.

De acordo com dados recolhidos pela Bloomberg, o Chrome pode estar avaliado em cerca de 20 mil milhões de dólares (19 mil milhões de euros). Assim, tudo indica que a casa-mãe da Google consiga arrecadar entre 15 mil milhões a 20 mil milhões de dólares se for obrigado a vender o motor de busca.

Nesta linha de pensamento, é importante perceber que o Google Chrome tem uma fatia de 67% do mercado global dos motores de busca, uma percentagem que permitiu o Governo dos Estados Unidos fazer a acusação de monopólio a meio do presente ano.

A Google tem até 20 de dezembro para apresentar as propostas de contrapostas ao Governo, mas só em abril do próximo ano é que pode ocorrer o julgamento. Até lá, e com a mudança de administrações (passagem de Biden/Harris para Trump/Vance), tudo poderá mudar de rumo.

Estima-se que as outras grandes tecnológicas – Amazon, Meta e Apple – sigam o caso com bastante atenção.

Quais as críticas da Google?

A dona do Chrome explica algumas razões pelas quais a proposta do Departamento da Justiça não deve avançar:

  • Colocar em risco a segurança e privacidade de milhões de americanos e comprometer a qualidade dos produtos que as pessoas gostam, forçando a venda do Chrome e, potencialmente, do Android
  • Exigir a divulgação a empresas nacionais e estrangeiras desconhecidas não apenas das inovações e resultados do Google, mas, ainda mais preocupante, das consultas de pesquisa pessoais dos americanos
  • Impedir o investimento em Inteligência Artificial, talvez a inovação mais importante do nosso tempo, onde a Google desempenha um papel de liderança
  • Prejudicar serviços inovadores, como o Firefox da Mozilla, cujos negócios dependem da cobrança do Google pelo posicionamento em pesquisa
  • Limitar deliberadamente a capacidade das pessoas de acessar a Pesquisa Google.
  • Mandar a microgestão governamental do Google Search e outras tecnologias nomeando um Comité Técnico com enorme poder sobre sua experiência online
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