O Barómetro Kaizen, que na edição de novembro juntou 220 gestores de empresas que representam mais de 35% do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, refere que 83% dos inquiridos sentem que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) , não parece ter medidas com impacto relevante em relação às necessidades das suas empresas e somente 14% dizem que as medidas contribuem positivamente para o crescimento da sua organização.
O mesmo barómetro indicou que os empresários mostraram uma postura positiva face à descida das taxas de juro, pela Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) e pelo Banco Central Europeu (BCE), enquanto que 50% defendeu que essa descida “terá um impacto positivo nos seus custos” de endividamento.
Os inquiridos consideraram também que as previsões relativamente à inflação são realistas e que esta vai continuar a demonstrar uma tendência decrescente até ao próximo ano.
O Barómetro indica também que a confiança dos gestores na economia nacional apresenta sinais de recuperação ao passar para os 12,61, em novembro, em comparação com os 12,19 registados em abril deste mesmo ano.
“Adicionalmente, há um otimismo moderado no sector empresarial, com 61% dos gestores a afirmarem que esperam cumprir ou até ultrapassar os objetivos definidos para 2024 nas suas empresas”, salientou o barómetro.
Num cenário em que as tarifas comerciais entre os Estados Unidos, Zona Euro e China sofram uma subida de 10%, os inquiridos, questionados sobre como enfrentariam este cenário, sublinharam a importância de investir em inovação e aumentar a eficiência operacional (59% cada), e de diversificar os mercados (40%).
“Ao abordar o crescimento e a competitividade das empresas portuguesas, o tema do financiamento revela-se essencial, especialmente num contexto onde o aumento da presença de Private Equity no tecido empresarial português poderia oferecer novas oportunidades de expansão. No entanto, a maioria dos líderes empresariais (73%) não considera esta forma de investimento uma opção relevante para os seus planos de crescimento”, salientou o barómetro.
“Em vez disso, muitos optam por estratégias mais tradicionais: 61% aponta o financiamento bancário como a sua principal via de suporte, enquanto 31% afirma não recorrer a financiamento externo para expandir”, indicou o barómetro.
Os inquiridos referem que entre as medidas que poderiam acelerar o crescimento estariam a redução da carga fiscal (77%) e o investimento em inovação e tecnologia (61%).
O barómetro diz também que a transformação digital é encarada, pelos inquiridos, como tendo “grande potencial disruptivo”, especialmente em áreas como a automação de processos (70%) e a análise preditiva (62%).
“Em paralelo, os líderes empresariais manifestam um compromisso crescente com os objetivos Ambientais, Sociais e de Governança (ESG), embora ainda parcial em alguns casos: 42% afirma um alinhamento total com estes objetivos, enquanto 47% reconhece um alinhamento parcial”, referiu o barómetro.
Os inquiridos salientaram que as suas maiores apostas para garantir crescimento estão no aumento de produtividade (59%), entrada em novos mercados/geografias (45%) e a melhoria da força de vendas e da customer journey (40%).
O CEO do Kaizen Institute, António Costa, referiu que o mundo “enfrenta desafios” que exigem inovação, sustentabilidade e cooperação global.
“Ao longo dos anos, temos assistido à evolução dos programas de melhoria contínua, desde os primeiros círculos de qualidade focados em objetivos específicos e equipas dedicadas, até à integração de toda a cadeia de valor. Mais recentemente, o foco deixou de estar apenas na eficiência operacional para incluir áreas como inovação e crescimento, fundamentais para qualquer organização que aspira liderar no seu sector. Acreditamos que há sempre oportunidades para melhorar, e o nosso compromisso reflete-se na capacitação contínua dos colaboradores. Num cenário internacional fragmentado e de complexidade crescente, o equilíbrio entre resiliência e transformação tornou-se essencial. Como costumamos dizer, a mudança é inevitável, mas a transformação é uma escolha. Este panorama de incerteza não é apenas um desafio; é uma oportunidade para as organizações se reinventarem e converterem a adaptação em vantagem competitiva”, acrescentou António Costa.
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